• 09 out 2017

    É preciso reagir à ofensiva da direita fascistizante

8 de outubro de 2017

Está claro que a política burguesa fez uma virada à direita ditatorial. O seu marco se encontra na constituição da frente golpista em torno do impeachment de Dilma Rousseff. A cassação da presidente eleita em 2014, portanto, menos de um ano e meio de mandato, confirmou a consolidação do curso direitista.

O governo usurpador que tomou lugar do governo eleito expressou a necessidade do grande capital de impor ao País uma ditadura civil. A mudança de rumo se deveu, em última instância, ao aprofundamento da crise econômica, que atingiu uma das recessões mais severas vividas pelo Brasil. É nessas condições que o nacional-reformismo petista naufragou.

Nas eleições de 2002, evidenciou-se a tendência da política burguesa à esquerda. O que ocorreu depois de 17 anos de instabilidade política após o fim da ditadura militar, em 1985. E depois de o governo de Fernando Henrique Cardoso, montado pela coalizão PSDB e PMDB, ter aplicado um nefasto plano antinacional e antipopular, nos anos de 1995 a 2002 (Plano Real).

O governo do PT adaptou-se às exigências do grande capital, assim estreitou e limitou a tendência à esquerda da política burguesa. Está aí por que a sua defenestração pelo impeachment não evidenciou imediatamente a extensão da virada à direita. É sob o governo golpista que será exposta com maior clareza. A crise que continuou golpeando a governabilidade após o impeachment potenciou ainda mais a direitização.

Depois do general Antônio H. M. Mourão, que, já em 2015, convocava os militares para o “despertar da luta patriótica”, ter declarado que a solução da crise deveria ser dada pela intervenção das Forças Armadas, foi a vez do general da reserva Luiz E. R. Paiva dizer que os militares têm legitimidade para “recuperar a estabilidade do país”. Embora não haja um movimento orgânico voltado a um golpe militar, tais manifestações não deixam de ser importantes sintomas da virada à direita.

Em paralelo e provavelmente em conexão, se organiza um movimento empresarial que certamente está de acordo com o chamado ao “despertar a luta patriótica”. A criação do “Fundo Cívico” para apoiar partidos e candidatos reacionários é mais um dado dessa constatação. Reacionários como Luciano Huck, Eduardo Mufarej, Armínio Fraga, Abílio Diniz, Gustavo Franco, etc. estão por trás desse movimento empresarial. Nessa linha, se procura potenciar candidaturas fascistizantes como a de Jair Bolsonaro e João Dória. À frente dos direitistas, está a bandeira da moral e da estabilidade.

A corrente supostamente moralizante se ergue como uma força capaz de levar adiante o plano econômico de Temer, mas de forma moralizadora da política e do Estado. Participou do golpe de Estado, mas, agora, procura se distinguir dos aliados que estão sendo denunciados pela Operação Lava Jato. Na esteira da direitização, o STF aprovou a implantação do ensino religioso na escola pública, os evangélicos voltaram à defesa da chamada “cura gay”, avança o plano da “escola sem partido” e aventa-se recolocar a aprovação da lei de maioridade penal.

A reforma política – diga-se de passagem, com a participação do PT e PCdoB, restringe ainda mais o direito democrático partidário e eleitoral. Financia com dinheiro público somente os grandes partidos e impõe uma cláusula de barreira que inviabiliza os partidos de esquerda legalizados. Impõe-se um curso de regressão às pequenas conquistas democráticas – reivindicadas pelo movimento da pequena burguesia – do período em que o PT governou. E que deu o tom à tendência à esquerda da política burguesa.

Certamente, o ataque à vida dos explorados é o que caracteriza a virada política sob a influência direta do capital financeiro e dos monopólios. A reforma trabalhista que entra em vigor em 11 de novembro e a reforma da previdência a caminho expressam as contradições de fundo, que se manifestam na superestrutura política e ideológica. A burguesia está diante do capitalismo em decomposição e não tem outra saída senão impor regressões históricas. A necessidade do grande capital de atacar as relações trabalhistas e sociais impulsiona a reação política e ideológica que assume feições fascitizantes.

O fundamental, porém, está no fato de a classe operária estar desarmada para combater a reação burguesa. A greve geral de 28 de abril mostrou sua força social. O que fez tremer a burocracia sindical e toda laia de reformistas que fazem discursos parlamentares às vezes incendiários. É nos marcos da luta de classes que avaliamos a direitização e seus perigos para os explorados. As condições objetivas para combater a classe capitalista e sua tendência reacionária estão dadas. Trata-se de trabalhar pela organização dos explorados, combinando as reivindicações econômicas com as políticas. Trata-se de lutar pela construção do partido operário revolucionário