• 03 dez 2017

    Nossa luta pela independência da classe operária

3 de dezembro de 2017

Já tínhamos escrito o editorial, quando recebemos a notícia da suspensão da greve nacional de 5 de dezembro. Decidimos não modificar, uma vez que a suspensão confirmou nossa crítica.

Nos momentos mais difíceis é que vem à tona o quanto os explorados estão submetidos à política burguesa e desorganizados. Em outras palavras, o quanto temos de trabalhar por sua independência de classe. Estamos a poucos dias do que as centrais sindicais denominaram Greve Nacional. Quer dizer que neste dia 5 de dezembro não se está organizando a Greve Geral. Esse é o sentido dado. Pretende-se mais um dia de protestos limitados em vários estados. Nem pensar em retomar os marcos da Greve Geral de 28 de abril.

A burocracia está apostando nas dificuldades de Temer em arregimentar sua base parlamentar para votar a reforma da previdência no dia 6 de dezembro, como estava previsto. As divisões internas em todos os partidos de sustentação do governo, inclusive no PMDB, permitem à burocracia sindical oposicionista (da CUT e CTB), bem como à aliada (Força Sindical, UGT, etc.), respirarem aliviadas e depositarem as esperanças no receio dos deputados serem julgados nas eleições de 2018. De maneira que a Greve Nacional não passe de um protesto, que mostre aos partidos governistas a inconveniência de impor mais uma reforma tão odiada pela população.

Basta a reforma trabalhista que retrocede as relações entre capital e trabalho a fases iniciais de selvageria. As burocracias sindicais oposicionistas e governistas desmontaram o movimento iniciado pela Greve Geral de 28 de abril e assim contribuíram para a sua aprovação e implantação. Acusamos os burocratas, representantes dos interesses gerais da burguesia no seio dos sindicatos, de traição. Depois dessa inestimável colaboração com o governo e o Congresso Nacional golpistas, vem a reforma da previdência. O capital financeiro tem interesse especial em sua aprovação. O projeto negociado tem sido apresentado como ainda muito limitado. Mas é mais um passo na reforma que se iniciou no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e avançou no governo de Luis Inácio Lula da Silva (PT).

Não pode haver dúvida e vacilação de que será implantada a nova previdência, que sacrifica ainda mais a vida dos explorados. A burguesia e Temer tudo farão para não perder o momento de dar mais esse passo. É certo que há divisões nos partidos do governo, o que não houve na votação da reforma trabalhista. Mas a política da classe operária não se guia nem se fia pelo que acontece na política da burguesia. Guia-se e fia-se em suas próprias previsões e forças. É preciso golpear a reforma e o governo que a encarna agora. As divisões na base golpista, sem dúvida, favorecem nossa luta. É melhor o inimigo dividido do que unido. Mas convencer os explorados que seus inimigos não vão adiante com a reforma porque estão divididos é traição. Traição típica das forças políticas que controlam os sindicatos, empenhadas em fazer prevalecer a conciliação de classes em detrimento da luta de classes.

Vimos que depois da Greve Geral de 28 de abril a Força Sindical e a UGT passaram a colaborar com Temer, na esperança de obter uma concessão quanto ao imposto sindical. A CUT, por sua vez, permaneceu na sombra da negociata. Essa experiência não deve nunca ser esquecida. Deve ser sempre lembrada. Expressou e expressa no fundo a subordinação da classe operária à política burguesa. E, portanto, a necessidade vital de se emancipar por meio da luta por suas reivindicações, por seus métodos próprios e pela estratégia da revolução proletária, da conquista de um governo operário e camponês.

O enfrentamento às reformas antinacionais e antipopulares e à ditadura civil de Temer e do Congresso Nacional prepara as condições de novos enfrentamentos no futuro. O fato concreto é que a reforma da previdência está na Câmara dos Deputados para ser votada. A luta da classe operária é por derrubá-la. Agora é a melhor hora! Uma Greve Geral ativa, combativa, seguida de grandes manifestações, sem dúvida jogaria a primeira pá de cal. Um arremedo de mobilização nacional será tomado pelo governo e pela burguesia como falta de decisão, como um aceno que a burocracia está jogando e como falta de confiança dos explorados em suas próprias forças.

É preciso mostrar à classe operária que a reforma da previdência é essencial para os interesses dos banqueiros, dos aplicadores e da grande burguesia industrial. E, por isso, agora ou um pouco mais adiante, será imposta, caso os explorados não lutem com toda energia e caso a classe operária não comece a ganhar independência política e organizativa.

É criminosa a posição da CUT de adiar a decisão sobre a reforma da previdência para que depois das eleições o tal do “ governo legítimo” tenha como retomá-la “democraticamente”. A bandeira da classe operária e de todos os oprimidos é outra: A reforma serve apenas aos capitalistas, abaixo a reforma da previdência! Lutemos sob essa bandeira. E acrescentemos: Abaixo as reformas antinacionais e antipopulares! Abaixo o governo golpista e corrupto de Temer! Por um governo operário e camponês!