• 04 dez 2017

    Como derrotar o governo! Como não derrotar o governo!

4 de dezembro de 2017

Manifesto do Partido Operário Revolucionário (POR)

Como derrotar o governo! Como não derrotar o governo!

A desmarcação da “greve nacional” do dia 5 é a mais segura forma de não derrotar o governo. Essa decisão da cúpula burocrática das centrais sindicais aumenta a desconfiança da classe operária de que não se leva a sério o combate contra as reformas antinacionais e antipopulares do governo e do Congresso Nacional golpistas.

Os operários nos diziam nos portões das fábricas que a reforma da previdência é uma desgraça. Mas não viam os sindicatos organizando a greve. Em cada lugar que a militância do POR distribuía o Boletim Nossa Classe, ouvíamos a mesma pergunta: por que o sindicato não estava convocando a greve? Nossa agitação era para parar o País no dia 5 e sair às ruas em manifestações gigantescas. Aí, vinha a pergunta: mas onde está nosso sindicato? A resposta veio na sexta-feira, dia 1 de dezembro. A CUT, Força Sindical, UGT, CGT e CTB suspenderam a “greve nacional”.

Pela manhã, ainda distribuíamos o Boletim Nossa Classe e agitávamos a bandeira de Greve Geral para pôr abaixo a reforma da previdência e combater o governo golpista. A suspensão da greve foi um desastre para a luta dos explorados. Os operários viram que as direções sindicais jogavam com a greve. Não estavam organizando um poderoso movimento. Estavam apenas interessados em ser ouvidos pelo presidente da Câmara dos Deputados, o bandido Rodrigo Maia. Lá foram todas a centrais sindicais pedir a Maia que retirasse da pauta da Câmara a reforma da previdência.

Temer e seu capacho aproveitaram para adiar a votação prevista para o dia 6, ou seja, no dia seguinte da “greve nacional”. Mataram dois coelhos com uma só paulada: adiaram a votação para ter a certeza de ter os votos necessários na hora da aprovação da reforma da previdência; e contaram com a suspensão da greve nacional.

A camarilha que comanda as principais centrais, por sua vez, respirou aliviada, uma vez que não tinha preparado de fato a paralisação. E os operários e demais trabalhadores que estavam mais bem informados viram que os burocratas tinham submetido a greve nacional ao rabo de foguete do Maia, Temer e Câmara dos Deputados. Os governistas suspenderam a votação, e os burocratas vendidos suspenderam a greve nacional.

Esse foi o melhor favor que os burocratas sindicais fizeram a Temer e Maia. Subordinaram a “greve nacional” ao jogo do governo no Congresso Nacional. Subordinaram a greve nacional ao piloto das reformas antinacionais e antipopulares, que é o senhor Rodrigo Maia, homem do golpe de Estado, homem do plano econômico do ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que, por sua vez, é homem dos banqueiros, multinacionais, agroindustriais, etc.

Subordinar a luta dos explorados à política burguesa, é derrota líquida e certa. Quem se apoia no argumento de que Temer está enroscado porque não tem os votos necessários, não quer lutar. Está à espera de que a divisão na base parlamentar aliada inviabilize a reforma. Para quê parar o País, se as brigas internas ao governo impedirão a reforma da previdência? Isso explica, em boa parte, a conduta das centrais em suspender a greve nacional do dia 5. Os burocratas estão esperando que a discórdia na base parlamentar do governo, por si só, desmorone a reforma da previdência. Essa é a via da derrota.

Lembremos o que se passou com a reforma trabalhista. A luta começou em março, com manifestações, e chegamos à greve geral de 28 de abril. A classe operária deu um importante passo, saindo da longa adormecência. Bastava dar o segundo passo, que era o de ir novamente à greve geral. O que fizeram os burocratas da CUT, Força Sindical, UGT, CTB e outras, no 1º de Maio? Cada uma das centrais fez sua própria festa, desmontando a frente única e desviando a atenção dos explorados. Por que não se fez um gigantesco 1º de Maio operário, classista e voltado contra as reformas trabalhista e previdenciária? Por que não se fez um 1º de Maio contra o governo e o Congresso Nacional golpistas? Porque os burocratas já não queriam a greve geral. Queriam apenas negociar com Temer um jeitinho para manter o imposto sindical. As manifestações convocadas depois da greve geral de abril foram para inglês ver. Resultado: os golpistas impuseram aos assalariados o maior retrocesso da história trabalhista do Brasil.

Agora, estão fazendo o mesmo com a reforma da previdência. Com a diferença de que esperam que as brigas na base aliada a joguem por terra. Essa é a política derrotista das direções burocráticas, enrabichadas com deputados e senadores. Essa é a política que submeteram os sindicados ao Estado e aos governos. Essa é a política dos que arrancaram até a última gota a independência política dos sindicatos e das centrais.

Trabalhadores, o Partido Operário Revolucionário, o seu jornal Massas e seu Boletim Nossa Classe repudiam essa política que tem desgraçado os sindicatos. Que tem afastado o trabalhador dos sindicatos. Que tem impedido a classe operária de despertar para a política revolucionária.

Denunciamos essa política dos burocratas vendidos como responsáveis pelo fato da ditadura civil de Temer e do Congresso Nacional imporem a reforma trabalhista e a ampla terceirização. Denunciamos agora a suspensão da greve nacional do dia 5 como um gesto que favorece o governo no seu objetivo de apaziguar sua base parlamentar e impor a reforma da previdência.

Operários e operárias, só tem um caminho para derrotar o governo: organizar uma poderosa greve geral independente do jogo político que o PMDB, PSDB, DEM, etc. fazem na Câmara dos Deputados. Tem de ser uma greve geral mais potente que a do dia 28 de abril. Deve ser uma greve que diga ao governo e ao Congresso Nacional golpistas: se vocês não retirarem definitivamente a reforma da previdência, iremos para uma greve geral por tempo indeterminado. Não submeteremos nossas vidas, nossas condições de existência aos interesses dos capitalistas. Não sustentaremos a gigantesca dívida pública e o pagamento da montanha de juros para encher os cofres dos banqueiros e de todo parasita burguês. Que se cancele a dívida, que não se pague mais um centavo de juros! Que se mantenha uma previdência e uma aposentadoria a todos os trabalhadores. Que os exploradores arquem com o custo da previdência! Nós produzimos rios de riqueza que ficam com os capitalistas. Quase toda nossa existência é dedicada ao trabalho. Recebemos um salário que mal dá para nossas necessidades. Milhões ganham até um salário mínimo de fome. Exigimos um salário mínimo vital, que cubra todas as necessidades da família. Milhões estão desempregados e subempregados. Exigimos trabalho a todos, que se reduza a jornada de trabalho sem reduzir os salários, que se aplique a escala móvel das horas de trabalho, dividindo as horas nacionais trabalhadas entre todos aptos ao trabalho.

É com essas reivindicações que ganharemos confiança em nossas próprias forças. É assim que veremos o quanto é prejudicial deixar nossas necessidades e reivindicações nas mãos dos partidos, deputados, senadores e governos da burguesia.

Trabalhadores e juventude, o capitalismo afunda em suas próprias contradições econômicas e sociais. E nós, que damos duro diariamente, afundamos com ele. Em nossos bairros operários, convivemos com o avanço da pobreza, da miséria, da fome, da violência policial, da matança de jovens e brutais chacinas. Somente a organização da classe operária em luta contra o capitalismo poderá encontrar uma saída à barbárie. Temos de libertar nossos sindicatos dos burocratas parasitas e traidores. Temos de construir nosso partido operário revolucionário. Temos de lutar por uma estratégia própria de poder, que é a luta por um governo operário e camponês, nascido da revolução proletária. Assim podemos rechaçar as mentiras dos partidos eleitoreiros e de seus candidatos que servem à burguesia.

A burocracia sindical já está em campanha eleitoral. Todos já estão se preparando para as eleições de 2018. O PT vem com a conversa de que é preciso um “governo legítimo” para retomar a reforma da previdência. Já estão conformados com o golpe e com o governo golpista. Estão usando as necessidades dos pobres e oprimidos para fins eleitorais. Não aceitemos! Temos de responder: nada de eleições, organizar a greve geral para derrubar as reformas do governo golpista; organizar os comitês de base, convocar as assembleias sindicais e populares em todo o País. Nada de marcar e desmarcar a greve! Total firmeza para erguer os explorados contra a reforma da previdência e trabalhista!

Abaixo as reformas antinacionais e antipopulares de Temer!