• 26 set 2018

    Mulheres exploradas, pobres e oprimidas: Não se deixem arregimentar pela disputa eleitoral. Lutem pela real emancipação da mulher do jugo do capitalismo.

Manifesto do Partido Operário Revolucionário às mulheres exploradas, pobres e oprimidas

Não se deixem arregimentar pela disputa eleitoral

Lutem pela real emancipação da mulher do jugo do capitalismo

Coloquem-se pela construção do Partido Operário Revolucionário

26 de setembro de 2018

As mulheres constituem a maioria do eleitorado. São 52%. O fato do ex-capitão do exército, direitista, misógino, homofóbico e racista, Jair Bolsonaro, estar à frente nas pesquisas eleitorais, despertou em seus concorrentes uma corrida para conquistar votos entre as massas femininas.  Essas marcas, comprovadas ao longo de sua carreira política no parlamento, agora expostas na forma de imagens na propaganda eleitoral, provocaram tamanha rejeição entre as mulheres que 54% afirmam repudiar o fascista. Tamanha rejeição, caso permaneça até o final do pleito, pode ser a perdição de Bolsonaro. Esse gigantesco caudal de votos, por outro lado, se destaca por ser a salvação dos demais candidatos que procuram alcançar o segundo turno. Tudo indica que a maior parte desse peso acabará sendo depositado na balança de Haddad/PT.

Assim que as pesquisas confirmaram a liderança do fascista Bolsonaro, os seus distintos opositores se voltaram a atrair a atenção das mulheres. As redes sociais se tornaram um campo de batalha pela conquista do voto feminino. O movimento “Mulheres unidas contra Bolsonaro” arregimentou 3,2 milhões de participantes, segundo informações.  Por ser uma reação eleitoral, de caráter difuso, tem permitido o seu uso por todos os candidatos que são anti-Bolsanaro ou que vestem essa máscara.

Há algum tempo, partidos, parlamentares, governos e candidatos do grande capital e da velha oligarquia abraçaram causas feministas. Os monopólios de comunicação – a rede Globo à frente – se arvoraram e se arvoram em defensores da “igualdade de gênero” e fim do “machismo”. Não é de estranhar que o candidato do PSDB também se apresenta como se fosse legítimo defensor das mulheres e usa a aversão eleitoral das massas femininas a Bolsonaro.  O Centrão, que lhe serve de colchão, reúne empedernidos obscurantistas, que deveriam estar com o ex-capitão se não fossem outros interesses de aparato. Mas, com certeza, estarão com o reacionário Bolsonaro no segundo turno.  Marina Silva se diz melhor representante dos interesses das massas femininas, uma vez que é a única candidata mulher.  Mas é a candidata do obscurantismo religioso, tal qual Bolsonaro.  Ambas candidaturas, nesse ponto, distinguem-se em grau de reacionarismo. Ciro Gomes não tem muito a dizer, não tem história em relação à questão da mulher. Mas também procura se identificar com o movimento “Mulheres unidas contra Bolsonaro”. O PT, sim, desde sempre se colocou no campo do feminismo, do antirracismo e da anti-homofobia. Seus governos tomaram medidas legislativas e judiciais nesse sentido. É quem, portanto, em tese, está mais autorizado a utilizar o potencial eleitoral do movimento de rejeição da candidatura de Bolsonaro.

A bandeira “Ele Não” passou a ser utilizada por todos os opositores a Bolsonaro. Marina lançou o slogan “Ela Sim”; Ciro, “Ele sim”; e mesmo Alckmin, “Ele Não”, Geraldo Alckmin, sim”. O candidato , Guillermo Boulos, não tem podido aproveitar a contento a animosidade eleitoral contra Bolsonaro.  A política feminista do PSOL é um decalque da do PT, de onde nasceu e se formou. Sem aparato, o voto anti-Bolsonaro das mulheres se distribuirá entre Haddad, Ciro, Alckmin e Marina. No final das contas, caso se confirme a tendência eleitoral deste momento, o maior beneficiário será o candidato do PT, o que vem preocupando a direita e o centro da política burguesa.

Há que assinalar, ainda, que um considerável contingente feminino votará em Bolsonaro. Responde à arregimentação de milhões de mulheres pelas igrejas, que as convenceram de que o aborto é um atentado contra a criação divina. Entre os milhões que não votarão no candidato do PSL, há também um contingente que é contra o aborto por razões religiosas. O que mais marcou o ódio das mulheres a Bolsonaro foi sua atitude truculenta e a defesa da discriminação, por isso foi acertadamente qualificado de misógino. O exemplo que mais calou fundo foi o de seu ataque à deputada do PT Maria do Rosário. Nota-se que, na disputa eleitoral, os reformistas levam vantagem na busca da atenção das mulheres, porque se confrontaram, no Congresso Nacional, com a ultradireita religiosa, principalmente a conduzida pelo poderoso aparato dos evangélicos.

A maior parcela das massas femininas, que segue as orientações e ordens dos pastores, pertence às camadas mais pobres da população.  Não é estranho que os partidos da burguesia, que são os responsáveis por perpetuar o capitalismo, por atacar violentamente qualquer movimento independente da classe operária pela sua emancipação e por reproduzir as opressões e discriminações sobre a mulher, negro, índios e homossexuais, se lancem vorazmente a buscar o voto feminino, levantando a bandeira da igualdade e de fim da violência.

É preciso, sem temor e atenuante, denunciar a arregimentação eleitoral das mulheres, como parte da luta contra a arregimentação da classe operária e dos demais oprimidos. Os reformistas têm uma importante parcela de responsabilidade diante desse movimento burguês. É atraente a bandeira de unir todas as mulheres contra o fascismo, que significa distribuir os votos entre todos os partidos contra Bolsonaro. Oculta-se que a política da ultradireita é parte da política geral da burguesia. Bolsonaro é um rebento da decomposição dessa política geral, que tem por pilares o PSDB, MDB e DEM. Os demais partidos, da ultradireita à esquerda reformista, são suas escoras. Está aí por que vão ocupando o lugar dessa tríade quando as massas a rejeitam.

O golpe de Estado, direitista e antidemocrático, não fortaleceu essa tríade junto aos explorados.  Gerou, circunstancialmente, o fenômeno da emersão de um pequeno caudilho agarrado a ideias e posições militares-fascistizantes e interrompeu a marcha do nacional-reformismo rumo ao precipício, o que lhe permitiu uma sobrevida. Ganhando Haddad ou Bolsonaro, a fração burguesa dominante e o imperialismo continuarão a empurrar o governo, o Congresso Nacional e o conjunto das instituições para a direita. O que quer dizer: descarregar a crise econômica e a decomposição mundial do capitalismo sobre a maioria oprimida, consequentemente, reforçar a opressão sobre a mulher, etc., atacar o movimento das massas e reforçar a presença dos militares na vida nacional. As diferenças de grau e de ritmo devem ser consideradas, mas não para arrastar os explorados por detrás das candidaturas e da formação de um novo governo burguês.

As ilusões eleitorais e democráticas não armam a classe operária para enfrentar as tendências direitistas, ao contrário, a desarmam.  A política de pacifismo, que procura responder à política burguesa de violência, cega os explorados e amolece seu ódio de classe contra a burguesia, que lhes impõe a exploração, baixos salários, desemprego, pobreza, fome e miséria. As opressões, em todas suas manifestações, são de classe. Somente pela via da luta de classes – violência revolucionária das massas contra a minoria burguesa – as mulheres oprimidas poderão se unir à massa de homens explorados e marchar contra a classe capitalista e seu Estado. Não haverá igualdade de nenhum tipo; e não se erradicará nenhum tipo de discriminação no seio da sociedade de classes.

Nossa luta, em todos os campos, deve convergir para a derrubada da burguesia do poder por meio da revolução proletária e para a constituição de um governo operário e camponês, apoiado nos explorados organizados. Essa é a via para expropriar a grande propriedade privada dos meios de produção e estabelecer as bases socialistas de uma nova sociedade com a propriedade social. Toda a luta séria, classista e revolucionária pelas reivindicações mais elementares das massas femininas leva não a fortalecer o parlamento e os partidos dos exploradores, mas sim ao combate pela estratégia de poder próprio da classe operária.

Por essas razões, chamamos as mulheres, que vivem o dia a dia da opressão capitalista, a votarem nulo e a se colocarem pela construção do Partido Operário Revolucionário. Organizemos nossos comitês de luta! Participemos do movimento operário e dos demais explorados! Aprendamos a usar as greves, manifestações, bloqueios e ocupações como meios próprios de defesa contra todo tipo de opressão! Entendamos que as eleições são o campo da política burguesa e que jamais os explorados chegarão ao poder pelo voto! Fora a hipocrisia e mentira burguesas sobre a igualdade da mulher! Vote nulo consciente! Tomemos nossos problemas em nossas próprias mãos!