• 25 nov 2018

    Romper a passividade para derrotar nas ruas o governo de Bolsonaro

25 de novembro de 2018

As centrais sindicais, MST, MTST e UNE aguardam para ver como será e como agirá o governo de Bolsonaro. O PT, PCdoB, PCB e PSOL, principalmente, assistem impávidos à ofensiva política da ultradireita. No campo da oposição burguesa à esquerda (PDT, PSB, etc.), discute-se como constituir um bloco no Congresso Nacional. Já se conformaram com a derrota eleitoral. Já não falam sobre o perigo do fascismo.

A prometida manifestação do “Dia Nacional de Luta”, 22 de novembro, não passou de panfletagens e de pequenos atos. Os sindicatos não convocaram as assembleias. Não se constituiu um comando de frente única para derrubar a reforma da Previdência, e o projeto “Escola sem Partido”. Não se trabalhou pela formação dos comitês de base para enfrentar a nova ofensiva bolsonarista. De forma que a ultradireita aproveita a vitória eleitoral, toma iniciativa política e acua a oposição parlamentar.

No momento, os bolsonaristas agem em três frentes: 1) formar o governo, com os respectivos ministérios; 2) tratar a transição com o governo que se finda; 3) acionar o Congresso Nacional para aprovar projetos ainda no governo Temer. A estrutura ministerial está definida. Contará com um centro militar-policial, com um núcleo econômico francamente próimperialista e uma tropa ideológica ultradireitista. Essa composição indica o funcionamento do governo sobre a base do método policial contra a revolta dos explorados. A aglutinação da política econômica ocorre sob a diretriz do capital financeiro. E dá-se o combate ideológico anti-esquerda, anti-reformista e anti-comunista.

Alguns alvos já estão bem determinados. Continuar com o desmonte do petismo, que deve ser expurgado da máquina do Estado. Sufocar o MST, enquadrando-o como organização terrorista. Controlar a educação e cultura, conduzido pela influência política das igrejas, em particular, dos evangélicos. Alinhar o País às diretrizes do imperialismo norte-americano. De conjunto, corresponde ao programa burguês radical, antinacional e antipopular.

Bolsonaro, generais, frentes parlamentares e igrejas evangélicas definiram seu governo de acordo com a tendência ultradireitista que se desenvolve mundialmente. Aproximam-se de governos do tipo fascistizante, como da Itália, Polônia, Hungria, sob a guarda do trumpismo norte-americano. Na América Latina, vão ao encontro da direita chilena e colombiana. Elegeram a Venezuela como alvo principal a ser atacado. Pretendem usar o Brasil como um poderoso peso, que fará a balança latinoamericana pender para o ultra-liberalismo e a maior subserviência das semicolônias à potência do norte.

Esses são os traços de um governo tipicamente ditatorial, bonapartista, que surge das eleições e se conforma por cima das classes. É bem provável que, sob esse tipo de governo, se desenvolverão as tendências fascistizantes, impulsionadas internacionalmente pelo capital financeiro. O processo de desintegração da economia mundial, aberto com a derrocada econômica em 2008, continua sua marcha. Os altos e baixos do ciclo econômico não superaram a crise de superprodução e o agigantamento do capital parasitário. O caminho de destruição de forças produtivas permanece e continua aberto.

As democracias burguesas mais sólidas se decompõem. Não conseguem responder ao poderoso choque entre as forças produtivas e as relações de produção, entre a burguesia caduca e o proletariado objetivamente revolucionário. São visíveis as crises políticas nos Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra. A guerra comercial decretada por Trump à China, obrigatoriamente, alcança a Europa. Seus reflexos no Brasil e América Latina são sentidos, com a falência dos governos nacional-reformistas, e a ascensão dos direitistas e ultra-direitistas.

O reformismo petista cedeu o poder a uma ditadura civil transitória e concluiu derrotado nas eleições. Volta ao posto de origem, que foi o de oposição burguesa. Originalmente, se apoiou no proletariado e nas massas oprimidas, como uma força política em ascensão. Governou para a burguesia, enganando os explorados com um limitado reformismo e assistencialismo. Auxiliou os capitalistas na tarefa de estatizar os sindicatos e corromper os movimentos com benesses do Estado. Retorna à oposição desgastado, desmoralizado e completamente subserviente à democracia burguesa oligárquica. A imposição da política de conciliação de classes, utilizando-se do poder do Estado e das centrais sindicais, principalmente da CUT, manteve o proletariado desorganizado e subordinado à dominação ideológica da burguesia. Via de regra, as esquerdas seguiram o PT, ainda que se declarassem opositoras, e o atacassem por sua descarada colaboração de classes. O seguidismo evidenciou suas raízes ao apoiar o PT no segundo turno, em nome da fraude de que se tratava de barrar o fascismo.

A passividade do movimento operário, camponês, popular e estudantil se deve a esse percurso. O desmonte da greve de 28 de abril do ano passado permitiu que a débil ditadura civil de Temer concluísse sua transição. Impusesse a reforma trabalhista e a lei da terceirização. E que, agora, oferece os meios para a ditadura policial de Bolsonaro se instalar no País.

A classe operária é a força social capaz de enfrentar Bolsonaro. Para isso, é preciso responder firmemente à reforma da previdência, barrar esse ataque generalizado aos trabalhadores significa abrir uma fissura no governo que se inicia. O contrário também é verdadeiro. Estudantes e professores têm de arrebentar o projeto obscurantista e fascistizante da “Escola sem Partido”. Está colocada a organização imediata de uma frente única de combate, que unifique operários, camponeses, populares e juventude. Essa unidade na luta criará as condições para a classe operária erguer a frente única anti-imperialista.