• 12 abr 2019

    Programa e método para enfrentar os ataques da burguesia

7 de abril de 2019

A direção do sindicato metalúrgico do ABC, filiada à CUT, e principal braço do PT no movimento sindical, acaba de mandar os operários da Ford de volta ao trabalho, depois de 42 dias de paralisação. A Ford de São Bernardo passará para as mãos da Caoa, controlada pela Chery . A transação cessará o contrato de trabalho de 3.000 efetivos e 1.500 terceirizados. Não se sabe quantos serão recontratados e em que condições trabalhistas. O certo é que se trata de um ataque brutal aos empregos.

Após esse fato, a Anfavea informou que o setor automotivo demitiu cerca de 1.000 metalúrgicos em março. A justificativa foi que as exportações caíram, descompensando a retomada das vendas no mercado interno. No mesmo momento, correu a notícia que o acordo entre Brasil e México tende a naufragar, e que a Argentina continuará a padecer da queda econômica. O que significa que as dificuldades nas exportações de veículos permanecerão por um tempo imensurável.

A crise mundial de superprodução se agravou e se converteu em destruição maciça de empregos, bem com em desvalorização da força de trabalho. Esse processo destrutivo está em curso. A curva do desemprego voltou a crescer em fevereiro, atingindo 13.098 milhões de trabalhadores. O número de desocupados e subocupados deu mais um salto acima, chegando a 27,9 milhões de brasileiros. O que expressa o bloqueio das forças produtivas, e resulta em pobreza, miséria e fome.

Segundo o FMI, a pobreza aumentou entre 2014 e 2018. Mais de 7,3 milhões sobrevivem com pouco mais de R$ 20,00 por dia ( US$ 5,50). Esse retrato, mesmo incompleto, expõe o avanço da barbárie. Nada indica que a burguesia e seus governos tomarão medidas para interromper sua marcha. Ao contrário, vão alimentá-la com as contrarreformas. Depois da bestial reforma trabalhista, vem a reforma da Previdência. Ataque sobre ataque à vida das massas caracteriza o capitalismo em decomposição.

O imperialismo volta a recomendar a adoção das “redes de proteção”. O Brasil já tem muita experiência com esse tipo de orientação. Os programas Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, etc. não foram além de emplastos, colocados pelos governos burgueses sobre a imensa chaga da miséria e da fome. E serviram para submeter grandes contingentes de famintos à política eleitoral dos partidos da ordem.

O período que se caracterizou pelas ilusões reformistas de incluir os excluídos ficou para trás. As massas estão diante do precipício do desemprego, subemprego , perda salarial e destruição de antigos direitos. O que fez a direção sindical diante do fechamento da Ford indica, perfeitamente, o desastre a que leva a política do reformismo.

A classe operária, no entanto, tem seu programa, suas reivindicações e seus métodos próprios de luta, que estão  de acordo com a situação objetiva. O obstáculo, que impede as tendências de combate do proletariado de confluírem com o programa de enfrentamento à burguesia, se encontra no sindicalismo burocrático, na política de colaboração de classes do reformismo, na confusão que reina entre a vanguarda enredada no centrismo e, sobretudo, no caráter embrionário da construção do partido revolucionário. É necessário ainda ter claro a gravidade da crise mundial de direção revolucionária. O que se passa no Brasil se passa em toda a parte.

A difícil situação, no entanto, traz no seu interior as tendências progressivas da luta de classes nacional e mundial. As massas estão em choque com a burguesia e seus governos. Passaram e estão passando pela dura experiência da restauração capitalista, pelo brutal controle da política reformista, e pelos anos áureos da hegemonia norte-americana do pós-guerra.

O programa avançado da revolução proletária, a plataforma de defesa da vida das massas, as bandeiras democráticas e a necessidade dos explorados recorrerem aos métodos de combate da luta de classes estão plenamente colocados, e vão ao encontro das necessidades mais prementes dos desempregados, subempregados, pobres, miseráveis e famintos.

Toda a atenção dos explorados está, no momento, voltada à reforma da Previdência. É preciso quebrar sua espinha dorsal, combatendo o governo Bolsonaro e as forças burguesas que exigem mais sacrifício das massas. A organização da greve geral está plenamente colocada. É igualmente fundamental responder com o programa, as reivindicações e os métodos da classe operária às demissões e ao desemprego. A experiência da Ford se ergue como um importante exemplo de como a resposta programática se manifesta objetivamente e se choca com o reformismo traidor e, por isso, autoritário. Demonstra aplicabilidade das bandeiras de ocupação da fábrica e de controle operário da produção. A vigência do Programa de Transição da IV Internacional está posta na ordem do dia.