• 07 maio 2019

    Educação sob violento ataque

7 de maio de 2019

A manifestação dos secundaristas do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, diante da presença de Bolsonaro no Colégio Militar, deu um sinal de luta. Sob a bandeira de “não vai ter corte, vai ter luta”, os estudantes rechaçaram a ofensiva destruidora da educação pública.

Estudantes, professores e funcionários têm de se unir em todos os níveis de ensino, como uma só força, para se contrapor ao obscurantismo, barrar o intervencionismo policial-militar, e derrubar a diretriz privatizante da educação. As organizações estudantis e sindicais devem convocar as assembleias unitárias, democráticas e soberanas. Em particular, está colocada a urgência de instalação da Assembleia Universitária em todos os campi. É com organização e mobilização de massa que barraremos a ofensiva mais brutal à educação, desde o fim da ditadura militar.

Bolsonaro, generais e ideólogos da ultradireita dão passos no sentido de restabelecer os elos da cadeia da reação, constituídos pelo golpe de 1964, e sustentados por vinte anos de ditadura militar. É nessa marcha que se ergueram aberrações como “Escola Sem Partido”, militarização das escolas, vigilância ao trabalho do professor, delação contra tudo que for identificado como pensamento de esquerda, proibição de manifestações políticas nas unidades de ensino, e perseguição aos adversários do regime bolsonaro-olavista.

A educação está diante de uma investida da religião, encabeçada pelas igrejas evangélicas, e escorada pela política cultural-ideológica do imperialismo norte-americano. Em nome de um ensino eficaz, técnico e seletivo, a ultradireita procura eliminar qualquer resquício das bases científicas do conhecimento e suprimir disciplinas de humanas, consideradas como causadoras de desperdício de recursos e sem valor prático.

Sob essa máscara, o MEC corta recursos da educação, ataca as universidades mais politizadas, ameaça caçar os professores de esquerda, difama os campi em que se têm liberdades políticas, como se fossem regidos pela baderna, tenta impor a disciplina militar, e coagir as organizações estudantis e sindicais.

O ministro Abraham Weintraub voltou atrás, formalmente, na decisão de cortar verbas das universidades, consideradas instrumentos de “balburdia”, apontando para a Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Federal Fluminense (UFF). O ministro difamador, finalmente, revelou que o objetivo é o de cortar verba de todo sistema federal universitário. Bloqueou R$ 5,8 bilhões de seu orçamento. Até mesmo a educação básica arca com o congelamento de R$ 2,4 bilhões, desse total.

Na verdade, Weintraub segue as ordens do ministro Paulo Guedes. Esse agente do capital financeiro se empenha na sustentação do parasitismo da gigantesca dívida pública. Descarrega o déficit provocado pelo bárbaro montante de juros sobre o orçamento da educação, saúde, habitação e serviços sociais. Não por outra razão, está usando os cortes para justificar a aprovação da reforma da Previdência.

Em São Paulo, o governo de Doria acompanha a política reacionária de Bolsonaro. Instalou-se uma CPI na Assembleia Legislativa para investigar o que o deputado do PRB (partido evangélico), Wellington Moura, chamou de “aparelhamento da esquerda na USP, Unicamp e Unesp.” Objetiva dar mais poderes de intervenção do governo sobre as universidades do estado, inclusive mudando o sistema de eleição do reitor. Até mesmo a direita liberal está com um pé atrás diante de sua irmã, a ultradireita militarizante e fascistizante.

O intervencionismo governamental e as medidas antidemocráticas esperam uma resposta das organizações estudantis e sindicais dos professores e funcionários. Quanto mais se retardar, mais os bolsonaro-olavistas avançarão em sua marcha obscurantista.

Não há tempo a perder, que a UNE, UBES, DCEs, CAs, Andes, sindicatos e associações convoquem as assembleias universitárias.

No dia 15 de maio, os professores da educação básica realizarão um dia nacional de paralisação. É preciso jogar peso nessa manifestação. Que as universidades participem. Que em assembleias universitárias organizem o combate geral. Que levantem a bandeira de Abaixo a reforma da Previdência de Bolsonaro/Guedes! Abaixo a Escola Sem Partido! Não à militarização da educação! Por total liberdade de expressão, de ensino, de reunião e de manifestação política. Preparar desde já a greve geral de 14 de junho, marcada no dia 1º de Maio, pelas Centrais.

Estudantes e trabalhadores da educação, marchemos unidos contra o governo militarista, ditatorial e fascitizante! Não vamos permitir retrocesso em nossas conquistas! Exijamos a convocação das assembleias universitárias! Formemos os comitês de luta! Vamos à paralisação de 15 de maio! Preparemos a greve geral de junho!