• 10 ago 2019

    Combater o derrotismo da frente burocrática

Editorial, Massas 592 – 11 de agosto de 2019

O governo congratulou a Câmara Federal de Deputados e, em especial, seu presidente, Rodrigo Maia, pela vitoriosa aprovação da reforma da Previdência, em segundo turno. A desidratação do projeto original, pretendida pela oposição e perseguida pelas centrais sindicais, não se realizou. Estima-se que haverá uma economia de R$ 933,5 bilhões, evidentemente, às custas dos assalariados, que sobrevivem na penúria. Os pontos que supostamente desidratariam o projeto já estavam previstos, no caso a aposentadoria rural e o BPC, como parte da farsa. Estava claro que a transformação do sistema de repartição para o de capitalização, tão almejado pelos banqueiros, não poderia ser implantado agora. O ministro Paulo Guedes gostaria que o valor previsto de 1,2 trilhão ficasse intacto. Mas, a redução estava sob o seu controle e de seus capachos da Câmara Federal.
A aliança opositora – PT, PSB, PDT, PCdoB e PSOL – foi amassada pelo rolo compressor da aliança governista. Fato que já havia ocorrido no primeiro turno. O governo e o Congresso Nacional contaram com o derrotismo da frente burocrática das centrais sindicais. Em que consistiu?. Consistiu em submeter o movimento dos explorados ao Congresso Nacional e ao objetivo de alterar o projeto do governo por meio de emendas. Apesar do voto contrário e fechado do PT, PCdoB, PSOL, e parcial do PDT e PSB, todos participaram da farsa orquestrada por Rodrigo Maia (DEM) e Samuel Moreira (PSDB).
Os governadores da oposição trabalharam nos bastidores para a aprovação da reforma alterada. É bom destacar os governadores do PT e o do PCdoB. Bolsonaro e Rodrigo Maia precisaram da colaboração dos deputados do Nordeste. A votação por grande maioria era importante para demonstrar à população que houve uma grande unidade nacional dos representantes do País, mais precisamente, unidade da burguesia. Sempre se esconde dos explorados que os “representantes do povo” não passam de lacaios da burguesia, e que o Congresso Nacional é a cova desses lacaios. Ocorre que a oposição reformista é parte desses “representantes do povo” e, assim, respeitam a cova dos lacaios.
O governo conseguiu o que queria, sem que enfrentasse uma poderosa resistência da classe operária e dos demais oprimidos. A frente burocrática se encarregou de montar a farsa da luta “contra a reforma da Previdência”, ao mesmo tempo em que, no Congresso Nacional, se montava a farsa da desidratação do projeto de Bolsonaro-Guedes. A ilusão de que ainda era possível vencer a guerra, depois de ter perdido uma batalha, evaporou num piscar de olhos. O movimento, derrotado pela traição da frente burocrática, somente se ergueria se fosse contra a política dos traidores.
A primeira condição para seguir na luta era e é a de reconhecer a traição que levou à derrota. E denunciar à classe operária e aos demais explorados a política derrotista da direção. Trata-se da aplicação da lei que rege a luta de classes. A burguesia e seu governo continuarão no ataque à vida das massas. Continuarão a comprometer a economia nacional para atender aos interesses do imperialismo. Os explorados não têm outro caminho a não ser o da unidade de classe contra os exploradores.
A crise econômica elevou o desemprego e subemprego às alturas. É visível a olhos nus o aumento da pobreza e da miséria. A implantação da reforma trabalhista, da terceirização e da reforma da Previdência intensificará a exploração capitalista da força de trabalho. Os efeitos da terceirização se fazem sentir na economia e na vida dos assalariados. É inevitável que a classe operária se rebele diante do agravamento das condições de trabalho e de existência. A burguesia e o governo não vão se ater a essas três medidas. O plano de privatização atingirá ainda mais os empregos e os salários. Os cortes de recursos à saúde e à educação golpearão ainda mais o acesso da população a serviços essenciais. Com essa política econômica, o governo Bolsonaro terá de fortalecer o Estado policial e a militarização. Os reformistas, por sua vez, se adaptarão ainda mais à democracia oligárquica e ao capitalismo putrefato. É fundamental que a vanguarda se compenetre da gravidade do momento. E lute por constituir o partido marxista-leninista-trotskista.
A experiência vivida com a frente burocrática os ajudará a entender e a encarnar a estratégia da revolução e ditadura do proletariado; a lutar por um governo próprio, que é o governo operário e camponês. Mantemos no alto a bandeira “Abaixo a reforma da Previdência do governo e do Congresso Nacional”. Continuemos com a unidade dos explorados, defendendo a greve geral!