• 12 out 2019

    Luta pela independência sindical

Editorial Massas nº 597, 13 de outubro de 2019

Realizaram-se os congressos da CSP-Conlutas e CUT, respectivamente de 3 a 6; e 7 a 10 de outubro. Tínhamos uma noção antecipada do que iria se passar. Isso porque foram convocados depois das manifestações de maio e da greve geral de junho. Não poderiam servir de instrumento para prosseguir o movimento, uma vez que a frente burocrática das centrais havia traído, e os explorados foram atingidos por mais uma derrota. As aprovações da reforma trabalhista, no governo Temer, e a da Previdência, no de Bolsonaro, se deram com a resistência das massas desmontada pelas centrais. O POR tem insistido nessa denúncia e explicação da política e dos motivos que levaram a frente burocrática a conduzir as tendências de luta dos explorados até certo ponto e, em seguida, desarmá-las.

Sob a política de colaboração de classes, não é possível derrotar a determinação da burguesia e seu governo de impor à classe operária e demais trabalhadores as contrarreformas. Os imperativos da crise estrutural do capitalismo levam os exploradores a destruir antigas conquistas do proletariado. Se não se organiza um levante da maioria contra os capitalistas, governo e Estado, não se tem como barrar o avanço da barbárie social. O que depende de uma direção que esteja à altura de responder com as bandeiras dos explorados, e empenhada em dar expressão organizativa à luta de classes. Essa direção se encontra em estado de desenvolvimento embrionário, embora seus quadros tenham conseguido constituir o programa da revolução proletária, e progredido na edificação do partido marxista-leninista-trotskista.

A supremacia esmagadora do reformismo e do burocratismo nos sindicatos tem provocado grandes danos à luta pela independência política, ideológica e organizativa da classe operária. O que repercute sobre os demais oprimidos, classe média urbana e camponeses. Enquanto o PT e aliados tiverem as rédeas dos sindicatos, a tendência é a de recrudescer a burocratização autoritária, e a sua dependência à política parlamentar burguesa. As demais frações da burocracia, sendo a mais importante a Força Sindical, se nutrem da colaboração de classes, que paira sobre o movimento operário, popular, camponês e estudantil como um todo.

A CSP-Conlutas não se ergueu como uma fração revolucionária, como preconizaram o PSTU e aliados, ao cindir a CUT. Por fazer parte das divisões de aparato, que acabaram originando mais de dez centrais, permaneceu como a ala esquerda do amplo espectro que compõe a burocracia – uma casta adaptada ao capitalismo, e subordinada à democracia oligárquica.

A classe operária em luta permitiu que a CUT se impusesse contra poderosas pressões da burguesia, da qual fizeram parte os adversários do momento, como PCdoB, PCB e nacionalistas, que acabaram formando o PDT e PSB. Permitiu também a constituição do PT, elevando como caudilho nacional o metalúrgico Lula. Passado esse momento, reestruturado o aparato sindical pós ditadura militar, e estruturado o PT no seio da democracia burguesa, a política de colaboração de classes, que, desde o início desse movimento sindical e político, esteve presente, alcançou uma dimensão capaz de servir aos interesses da burguesia, em geral, e dos monopólios, em particular. Não pode haver a menor dúvida de que o PT, sua burocracia sindical, e aliados, se cristalizaram como imenso obstáculo à independência de classe do proletariado e, como tal, como instrumento da contrarrevolução.

O XIII Congresso da CUT transpareceu a ausência das bases operárias. As várias frações do PT não fizeram senão encenar a realização de um Congresso dos trabalhadores. O IV Congresso da CSP-Conlutas refletiu a direção pequeno-burguesa, adaptada ao aparato e movimentos corporativos. Não foi sequer capaz de reconhecer a causa das duas derrotas do movimento antireformas. A vanguarda deve aproveitar essas experiências para encarnar a luta pela independência dos sindicatos, pela edificação da democracia operária e constituição de direções classistas, revolucionárias.