• 11 nov 2019

    A ação direta das massas acabou com o governo de Evo Morales

Declaração do Partido Operário Revolucionário da Bolívia

A ação direta das massas acabou com o governo de Evo Morales

10 de novembro de 2019  

Vencido, sem ninguém que o defendesse, incapaz de conter a repulsa popular, Evo Morales aceitou a convocação de novas eleições, mas insiste em concluir seu mandato até 22 de fevereiro. A resposta geral é NÃO, que se vá agora!, que renuncie.

O governo já está morto, a renúncia de Evo não foi para assinar seu próprio certificado de morte. A burocracia sindical, como carrapatos, abandona o cadáver e se agarra ao pedido de renúncia.

O MAS e seu demagógico “processo de mudança” se afundaram, não só pela fraude escandalosa com a qual pretendeu prorrogar seu mandato mais uma vez – isso foi a gota d´água que transbordou o copo -, mas também porque fez estourar a fúria contida das massas indignadas pela corrupção e impostura do governo, que, em nome dos pobres, governou para os ricos.

O objetivo que unia mouros e cristãos para tirar Evo do poder foi obtido. A sua queda coloca a pergunta: E agora? A falta de uma perspectiva revolucionária é terreno fértil para os descarados oportunistas, que nunca perdem: os poderosos agroindustriais do Oriente, que, na véspera, se desfaziam em afagos a Evo Morales, e que, agora, enviam Luís Fernando Camacho, o ultradireitista presidente do Comitê Cívico Pró Santa Cruz, com a pretensão de capitalizar a luta nacional, escudando-se no reacionarismo religioso, como arma de combate usada pela ultradireita fascista, apoiando-se nas camadas ricas da pequena burguesia.

Os explorados e oprimidos e a juventude pobre que esteve nas ruas, nada têm a ver com esse cínico empresário e, quando passar a euforia do triunfo, perceberão a necessidade de diferenciar-se dele e de seus patrões arquimilionários do Oriente.

Novas eleições não são respostas para as necessidades dos famintos. Paradoxalmente, a confirmação da fraude que se anunciou, da qual todos estavam convencidos que ocorreria em uma eleição em que ninguém acreditava, provocou a rebelião popular e trouxe de volta a ilusão em “eleições limpas”, para, “democraticamente”, eleger o próximo verdugo do povo oprimido.

Convocamos o grande ausente: que o proletariado – que durante o conflito permaneceu paralisado ao ver as correntes ultradireitistas capitaneando as mobilizações – se liberte dos burocratas vendidos e reconquiste sua independência política diante da burguesia e do imperialismo, retomando as bandeiras revolucionárias, para enfrentar o próximo governo burguês que emergirá das eleições. Que se coloque na direção da maioria oprimida sob a estratégia da revolução, que implantará a nova sociedade sem exploradores e livre da opressão imperialista, na qual os meios de produção serão da propriedade social e não dos burgueses sanguessugas.

Independência política e sindical dos trabalhadores e de todos oprimidos!
Luta unitária por pão, trabalho, educação e saúde!
Nem Evo, nem Mesa, nem o fascista Camacho!