• 24 fev 2020

    Manifesto do POR – Regional Ceará – Fora Sérgio Moro do Ceará!

Fora Sérgio Moro do Ceará!
Fora com a GLO e o Exército das ruas!

Abaixo a prisão e perseguição aos policiais em greve e suas lideranças!
Camilo Santana, atenda as reivindicações salariais da corporação!

24 de Fevereiro

A Garantia da Lei e da Ordem, assinada por Bolsonaro, começou a valer. Tropas do Exército já estão nas ruas, em patrulhamento e policiamento ostensivo. O General Cunha Mattos, da 10ª Região Militar, em coletiva à imprensa, anunciou o início da Operação Mandacaru, neste domingo, 23/02. Segundo o acordo firmado com o governo, Camilo passou ao Exército o controle operacional sobre a segurança pública, embora tenha conservado o gerenciamento sobre a SSP (Secretaria de Segurança Pública). Foram transferidos ao controle do General Cunha Mattos, o comando sobre o Batalhão Policial do RAIO, o Batalhão de Choque e policiamentos especializados, que agirão coordenados com os 2.500 homens das Forças Armadas, vindos de estados vizinhos.

Enquanto isso, o governo Camilo Santana intensifica as medidas de repressão e terrorismo contra tropa aquartelada. Autorizou a divulgação, para a imprensa, dos nomes de 168 policiais, que serão afastados preventivamente por 120 dias, por participarem da greve. Desse montante, 161, ou quase a totalidade, terão seus salários cortados, já em março. O objetivo é amedrontar e estrangular economicamente os grevistas. É parte dessa ação, o bloqueio de todos os recursos das associações militares, que são descontados em folha! O Comando Geral da Policia Militar divulgou, também, um boletim extraordinário, para anunciar que 77 policiais, que deixaram de se apresentar à Operação Carnaval 2020, foram colocados na lista de desertores. Entre as punições previstas, estão o afastamento temporário, o corte de salários e expulsão. A greve da PM forçou o cancelamento do carnaval em pelo menos nove municípios do interior (Paracuru, Milagres, Canindé, Paraipaba, Forquilha, Horizonte, São Luiz do Curu, General Sampaio e Santana do Cariri), e o número de mortos já passa de 120, nos 5 dias de paralisação. Os reformistas e estalinistas aproveitam-se destes números para voltarem à carga contra os grevistas, e responsabilizá-los pela crescente matança em todo estado. Aqui, a calúnia e a falácia se combinam, para obscurecer que a epidemia de homicídios é responsabilidade direta do capitalismo em putrefação, e da política repressiva da burguesia, da qual os reformistas são sempre os melhores agentes. Hipocritamente, omitem que sua política de colaboração de classes e as medidas adotadas por seus governos de turno aprofundaram a crise econômica, a barbárie e a desintegração social, que hoje explode, com ou sem a greve.

 

O que quer Sérgio Moro?

Nesta segunda (24/02), está prevista a chegada de Sérgio Moro (Justiça), e uma comitiva do alto escalão do governo federal: ministro Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e André Mendonça (Advocacia Geral da União), que se reunirão com o comando da 10ª Região Militar e, em seguida, com o Camilo Santana.

A vinda de Sérgio Moro é esperada por uma grande parte da tropa como um reforço e uma ajuda na abertura de negociações com o governo do PT. A julgar pelo que diz a imprensa, Moro tentará um acordo para pôr fim à greve. “Estarei no Ceará na segunda-feira. É tempo de superar a crise e serenar os ânimos. Servir e proteger acima de tudo” (Revista Ceará, 22/02/2020). É pouco provável que um acordo com Camilo Santana seja firmado em benefício da tropa. Por trás e acima de Camilo, agem os Ferreira Gomes que, após o ocorrido com Cid, encaram o problema do ponto da vingança política. Mas, pairando acima de todos, o capital financeiro (a quem Moro não pode deixar de servir) exige que os estados, em comum acordo com a União, revertam o problema fiscal, aplicando duras medidas de cortes e arrocho salarial. Não há lugar para a menor concessão econômica à tropa, nem a situação atual enseja (como nos anos de 2011/12) a possibilidade de acordos de bastidores para suavizar punições. O mais provável é que nenhum acordo salarial, ou que trate da anistia, seja aceito. A corporação precisa, por isso mesmo, resistir à pressão, confiar em suas próprias forças e romper o isolamento imposto pelo governo, o empresariado e o reformismo. A ausência do proletariado organizado e com independência de classe impede que se possa responder à crise da segurança pública com o programa revolucionário. Impede que a classe operária possa tomar para si o problema e defender o salário vital para os praças, o fim das perseguições, a redução dos salários dos oficiais, os direitos democráticos da tropa (eleições de comandantes, direito de greve e sindicalização, fim das punições) e o armamento geral da população. Os explorados e a juventude encontram-se amordaçados pela burocracia sindical e estudantil. As duas traições da CUT/CTB/PT/PCdoB, nas greves gerais de 2017 e 2019, contra as contrarreformas trabalhista e previdenciária, pesaram na desorganização dos trabalhadores, que mostravam disposição para derrotar, nas ruas, os governos Temer e Bolsonaro. Os governos se encontram de mãos livres para aprovar as medidas draconianas de ataque à vida das massas, malgrado sejam, cada vez mais comuns, as lutas regionais e setoriais.

Apenas no quadro de uma luta geral do funcionalismo será possível que se rompa o isolamento e o cerco que vai se montando em torno da greve da polícia militar e bombeiros. O governo age para esmagar os grevistas abertamente e dar uma lição, de uma vez por todas, à corporação. Os sindicatos de professores (APEOC) e servidores estaduais (MOVA-SE, etc.), sob controle da burocracia petista, recusam-se a fazer uma campanha ativa, não apenas porque querem proteger o governo das pressões das bases descontentes, como, igualmente, para dar sua cota de contribuição ao cerco do governador sobre a PM. O POR, que não se curva às pressões da pequena burguesia e ao profundo atraso político da vanguarda, denuncia com todo vigor, não apenas a campanha sórdida e criminosa do reformismo/estalinismo de caluniar os grevistas, como sua política nefasta de dividir e sabotar o único caminho para que se derrote o governo e arranque o reajuste pedido: a greve geral dos servidores estaduais. Esta bandeira cobrará, daqui por diante, uma vigorosa atualidade. O que implica que é preciso uma luta firme e decidida para demonstrar que, não apenas o destino da greve da polícia está ligado ao problema da greve geral do funcionalismo, como a derrota da greve da PM, sozinha e isolada, abrirá caminho para que Camilo encontre condições, as mais favoráveis, para impor o arrocho sobre todo os servidores e professores.

Viva a Greve da PM!
Abaixo as prisões e perseguições!