• 10 mar 2020

    Dois anos do assassinato de Marielle e Anderson

14 de março de 2020:

Dois anos do assassinato de Marielle e Anderson: a Justiça burguesa não resolveu, nem resolverá esse crime político

Somente a classe operária e demais explorados organizados poderão responder aos crimes da burguesia

Marielle Franco e Anderson Gomes foram executados no dia 14 de março de 2018. Dois anos se passaram, e nada da Justiça identificar os mandantes. Ronnie Lessa, PM reformado e ex-integrante do Bope, é apontado como o assassino da vereadora do PSOL-RJ e seu motorista. Encontra-se preso numa penitenciária em Rondônia. Outro matador, o miliciano Adriano da Nóbrega, acabou morto, no dia 9 de fevereiro de 2020, numa ação liderada pela PM baiana, um caso de queima de arquivo. As esquerdas em geral e o PSOL, em particular, partido da Marielle, seguem questionando quem seriam os responsáveis pela bárbara execução. A bandeira “Quem matou Marielle” se tornou mais um símbolo do que um instrumento de luta contra esse crime político, cuja responsabilidade é do Estado burguês.

O assassinato de militantes que estejam do lado dos explorados será sempre um crime de classe. É comprovado o envolvimento das milícias no assassinato de Marielle, bem como os seus laços com a polícia militar, e com o poder político do estado do RJ. Esses dados reforçam que a burguesia e seu Estado devem ser responsabilizados pelas mortes, assim como pela mortandade sem fim de jovens nos morros cariocas e bairros operários em todo o país, principalmente de negros e negras.

A morosidade das investigações e a forma duvidosa com que as evidências têm sido tratadas indicam que há gente muito poderosa por trás deste crime. Exemplos como a mudança no depoimento do porteiro do condomínio em que reside Jair Bolsonaro, bem como a suposta troca de tiros entre a polícia e o já citado miliciano Adriano, demonstram um esforço em obstruir o inquérito. São muitas as pistas que apontam para a família de Bolsonaro. De qualquer forma, o que se vê é uma escandalosa operação para abafar o caso.

Essas evidências deveriam ser suficientes para se eliminar qualquer ilusão no Poder Judiciário, que não tem nada de neutro. Trata-se da Justiça burguesa. A identificação e a punição dos mandantes deste crime, e de todos os crimes cometidos pela burguesia, somente virão de um Tribunal Popular, saído da mobilização de massa. Não virá de uma concessão da democracia burguesa, e sim dos métodos da luta de classes.

A burguesia jamais vai combater sua própria violência. A vingança pela morte de Marielle se fará por meio da luta de classes, erguendo um movimento nacional, a partir das reivindicações mais sentidas, que paralise a produção e ocupe as ruas e avenidas, que derrote o governo miliciano e os capitalistas que o sustentam, e suas contrarreformas antinacionais e antipopulares.

O Partido Operário Revolucionário comparece a essa manifestação com a política do proletariado, que é de defender os Tribunais Populares para julgar e punir a burguesia pelas mortes de Marielle e Anderson! Rechaçamos a hipócrita comoção, que se mostra impotente e pode facilmente se converter em fonte para todo tipo de oportunismo eleitoreiro. A militância classista deve rejeitar esses desvios, lutando para converter o ódio instintivo dos explorados em ação consciente das massas contra o Estado e contra a raiz de toda forma de violência e opressão, que é a propriedade privada dos meios de produção e o sistema capitalista. O melhor caminho para combater os métodos da violência contrarrevolucionária é o de fortalecer os métodos revolucionários de luta do proletariado.

Os assassinatos de lideranças dos movimentos camponês, indígena, sindical e popular testemunham que os proprietários de terra, grileiros, milicianos, coronéis da política e policiais não apenas defendem seus interesses particulares, como também os interesses gerais da burguesia. A violência reacionária, que brota da propriedade privada dos meios de produção e da exploração capitalista do trabalho, reflete a forma burguesa de enfrentar os oprimidos.

Não se deve isolar o assassinato de Marielle e Anderson do rio de sangue que marca a história da luta de classes no país. Está aí por que o uso eleitoreiro desses trágicos acontecimentos, que nascem do choque entre exploradores e explorados, acoberta a raiz de classe da violência burguesa. A justiça burguesa é guardiã da propriedade privada e dos interesses particulares dos opressores do povo. Deve ser denunciada, e não chamada a fazer justiça. É preciso ter claro que o assassinato de Marielle e Anderson jamais chegará aos seus responsáveis, assim como a matança de operários na CSN, em 1988, chacina de camponeses em Corumbiara, em 1995, e Eldorado dos Carajas, em 1996, e outros tantos casos, em que os verdadeiros responsáveis nunca foram punidos.

O Partido Operário Revolucionário (POR) defende e trabalha pela constituição de um Tribunal Popular, baseado na classe operária e demais explorados. Os movimentos sindical, camponês, popular e estudantil podem responder efetivamente os crimes de classe da burguesia, mas dependem da construção de direções classistas e revolucionárias. É com a força das organizações classistas que se pode pôr em pé um Tribunal Popular, e reagir com autodefesa, cada vez que os proprietários ameaçarem a vida daqueles que lutam contra a pobreza, fome e miséria.

Viva os lutadores que tombaram empunhando a bandeira dos oprimidos!
Morte ao capitalismo putrefato!
Lutemos pela revolução e ditadura proletárias!