• 12 mar 2020

    Declaração do CERQUI – Crise mundial se agrava pelo coronavirus e queda do preço do petróleo

Crise mundial se agrava pelo coronavirus e queda do preço do petróleo

Declaração do CERQUI (Comitê de Enlace pela Reconstrução da IV Internacional), 11 de Março de 2020

A queda das bolsas, das ações, dos bônus e do preço das commodities põe em evidência a profunda crise mundial do capitalismo, que não consegue superar o estouro de 2008/2009.

O coronavirus mostra toda a fragilidade da economia capitalista e o desespero  dos governos em sustentar os “mercados”, antes de resolver os problemas sanitários da população.

A economia mundial já estava freada pela crise, que se potenciou com a guerra comercial e as medidas que adotadas nas últimas semanas.  Os EUA tomaram medidas extraordinárias para manter a atividade econômica, antes mesmo do fenômeno do coronavirus.

Se essa crise não explodisse pelo coronavirus ou pelo petróleo, poderia eclodir pela bolha da dívida gigantesca, pela quebra de países que não podem continuar pagando sua dívida externa, ou qualquer outro motivo. A economia mundial está estancada, e a tendência é de que se acentue esta situação.

Este quadro de recessão econômica mundial é o que gera uma super oferta de petróleo, que não pode ser regulada pelos países produtores, porque não há acordo entre eles para reduzir sua produção e manter o preço (Rússia, EUA e Arábia Saudita). A brusca queda do preço do petróleo, que tinha quase 30 anos que não ocorria, arrastou os preços de outras commodities, das ações, das moedas, etc.  O acordo estabelecido em 2017, pela Opep, já limitava a produção, para manter os preços, enquanto crescia a produção nos EUA.

A brusca queda do preço pode prejudicar os EUA, uma que foi sobre a base do processamento do xisto que lhe permitiu se tornar em principal produtor, e este tipo de exploração tem um custo mais elevado. Mas, seguramente, prejudica ainda mais os países semicoloniais, que dependem fortemente da exportação de petróleo e outras matérias-primas para sustentar suas economias.

As petroleiras multinacionais estabelecem quais são suas prioridades, onde produzem, desde onde exportam e onde extraem a maior rentabilidade. Nossos países não podem ficar presos às decisões das multinacionais. A exploração petrolífera deve ser estatizada, sem indenização, sob controle operário coletivo. O que garante a plena soberania sobre nossos recursos.

O problema dos problemas não é o coronavirus. É a decomposição capitalista, sua incapacidade para sair da profunda crise, devido à contradição fundamental entre o alto grau alcançado pelo desenvolvimento das forças produtivas e as relações de produção, baseadas na grande propriedade privada dos meios de produção, cada vez mais concentrada, na globalização das forças produtivas, que se chocam com as fronteiras nacionais. Aí se encontra a base do empobrecimento geral da população, do desemprego, miséria, fome, migrações. Nessas condições, qualquer epidemia causa estragos na população, seja o coronavirus, a dengue, ou o sarampo.

É necessário exigir dos Estados que garantam um serviço de saúde universal, gratuito e o aumento  dos recursos necessários para atender os doentes, e prevenir a ameaça do coronavirus e outras enfermidades.

A extrema dificuldade das potências para superar a crise, aberta em 2008, indica que permanece presente uma capacidade produtiva excedente, o estreitamento do mercado mundial, as particularidades  dos impasses em cada país, a inviabilidade de soluções regionais duradouras, as pressões da composição orgânica do capital sobre a taxa de lucro média dos monopólios, assim como a resistência das massas, que acirra a luta de classes.

Volta-se a discutir qual é a solução. Dizemos: não há saída possível para o capitalismo em crise, cuja sobrevivência nos submete a todo tipo de sofrimentos, nos empurra à barbárie. Não há, portanto, como reformá-lo.  Neste quadro de colapso, se aprofundam as tendências direitistas da burguesia em todo mundo, devido à necessidade dos exploradores descarregarem a crise sobre as massas.

Os oprimidos, em toda a parte, abrem caminho lutando, para enfrentar os ajustes e contrarreformas que impulsionam os governos, a mando do capital financeiro. É nesta luta que temos de nos apoiar, para avançar na solução da crise de direção internacional da classe operária.

As massas oprimidas, com a classe operária à frente, têm a resposta: a revolução social, para acabar com o regime capitalista, pondo fim à grande propriedade privada, transformando-a em propriedade social, instalando seu próprio governo, da maioria oprimida, um governo operário e camponês. A perspectiva continua sendo: Socialismo ou Barbárie Capitalista.