• 11 abr 2020

    Fora os traidores da classe operária! – Que se convoquem as assembleias para qualquer decisão!

Fora os traidores da classe operária!

Que se convoquem as assembleias para qualquer decisão!
Não aceitemos a justificativa da epidemia, para demitir e reduzir salários!
Nenhum acordo sem que os assalariados estejam no trabalho!

Editorial Massas 607, 12 de abril de 2020

Os patrões capitalistas e as direções sindicais estão negociando a melhor forma de reduzir a jornada e salários. As montadoras aproveitam a onda do coronavírus e o isolamento social para aplicar a MP 936. Terminadas as férias coletivas, querem suspender os contratos por dois meses, com redução dos salários, entre 5% e 20%. As direções sindicais vêm aceitando negociar por meio eletrônico. A Toyota prevê a suspensão após o dia 22 de abril. A Mercedes-Benz, Volkswagen e Scania manobram com os burocratas do sindicato do ABC, para impor maior flexibilização capitalista do trabalho. No final do túnel, está o facão patronal, que ceifará inúmeros postos de trabalho. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, justificou a aceitação da flexibilização capitalista, com a excepcionalidade da situação. Eis o que diz o vendido às multinacionais e traidor do proletariado: “São propostas que normalmente não aceitaríamos, mas é preciso compreensão de todos os lados para garantir que vamos vencer essa crise“. A “compreensão de todos os lados” significa descarregar as consequências econômicas sobre os explorados.

Os capitalistas têm o governo federal, os governadores e prefeitos para protegê-los. Têm a seu favor Bolsonaro, Doria, Alcolumbre, Maia, Toffoli, etc. Contam com uma gigantesca acumulação de capital. Seus bancos estão abarrotados de reais, dólares, euros, etc. As multinacionais, em especial, sugam os trabalhadores e saqueiam o País. Escoram-se nas poderosas matrizes e governos imperialistas, Trump, Merkel, Macron, Johnson, Abe, etc.

A combinação da crise sanitária e econômica é de inteira responsabilidade da burguesia e de seus governos. As vítimas são os explorados. Ameaçados pela pandemia, foram empurrados ao isolamento social. Empurrados ao isolamento, tiveram de se submeter a medidas de suspensão do trabalho, corte de jornada, redução salarial e demissões em massa. Atingidos pelo vírus, não têm recursos para arcar com as despesas médico-hospitalares, ficando sujeitos ao SUS, desaparelhado e sucateado. Os ricos se socorrem da Sírio Libanês, Beneficência Portuguesa, do Einstein e das clínicas de ponta. Como pode, então, o presidente do mais poderoso sindicato do País dizer que a classe operária deve ter compreensão com as medidas de flexibilização capitalista do trabalho, com a redução de salários, etc.? É completamente falsa a ideia de que a classe operária e patronato cedem um pouco de cada lado. O certo é que as direções capituladoras cedem tudo aos exploradores, em nome da defesa da vida dos explorados.

As centrais desmontaram o Dia Nacional de Luta, 18 de março, para atender à orientação da burguesia. Deixou-a a mercê dos governos e do parlamento oligárquico. Assumiram as campanhas do isolamento social, sabendo que os salários e empregos não estavam garantidos, e que os subempregados e informais ficariam na dependência de migalhas. Colocaram os sindicatos a serviço do assistencialismo burguês. Vestiram o humanitarismo dos escravizadores do povo.

Mantidos em suas casas, dissolvidos como classe, os operários e demais explorados ficaram impossibilitados de reagir às medidas pró-patronal de Bolsonaro e do Congresso Nacional. A burocracia sindical se viu livre de qualquer pressão das bases. E de qualquer responsabilidade diante da MP 936. A sua única preocupação dos colaboracionistas foi e é a de recuperar seu lugar nas negociatas. Pleitearam na Justiça reaver a mediação burocrática entre trabalhadores e patrões. É para isso que pretendem revogar parte da MP que autoriza os capitalistas a realizar “acordo” direto e individual com os seus empregados.

O isolamento social está se rompendo. Não demorará muito para a maioria voltar ao trabalho. As multinacionais têm interesse em substituir as férias coletivas pela suspensão com redução salarial para compensar a superprodução e aproveitar esse momento para impor novas condições de flexibilização do trabalho. Contam a seu favor com a desmobilização e com a disposição da burocracia sindical de colaborar.

É necessário que a vanguarda com consciência de classe inicie imediatamente a denúncia contra as negociatas antioperárias. Que se coloque pelo fim de qualquer negociação por meios eletrônicos. Que se realize a campanha pela convocação de assembleias democráticas e livres do autoritarismo burocrático. Que as assembleias rechacem qualquer medida de redução de salários e demissões. E que aprovem um plano próprio de emergência de defesa da vida da maioria oprimida. Esse é o ponto de partida para reorganizar a luta no campo da independência de classe.