• 09 jun 2020

    POR Ceará – Camilo Santana proíbe e reprime manifestação em Fortaleza.

 Nota do Partido Operário Revolucionário – POR/Regional Ceará

Camilo Santana proíbe e reprime manifestação em Fortaleza.

8 de junho de 2020

Das manifestações antifascistas/antirracistas programadas para domingo, 07/06, e ocorridas em várias capitais do país, a de Fortaleza foi marcada pela severa repressão do governo e a proibição de se realizar. Pela primeira vez um ato público foi sufocado (antes mesmo de se concentrar), e dispersado à força por um governo petista, no Ceará.

O ato foi convocado pelas redes sociais, por meio da página Antifas Nordeste e deveria seguir o percurso da Praça Portugal até a estátua de Iracema, na beira-mar. Teve a adesão de algumas organizações e movimentos, a exemplo do MTST, etc. O PT, PC do B e parte do PSOL, rejeitaram a participação no movimento sob o pretexto do isolamento social. Essa também foi a posição da burocracia sindical, que dirige os trabalhadores em educação, e da estudantil, que dirige a UNE/UBES. O governador Camilo Santana pronunciou-se, demagogicamente, em favor dos atos pela democracia, mas comunicou que não permitiria a manifestação, alegando o cumprimento do decreto nº 33.514, de isolamento social.

Chamou atenção o contingente policial mobilizado e a determinação de Camilo em esmagar a manifestação de rua. O governo acionou o Batalhão de Choque, Raio e Cotam; isolou todo o perímetro da Praça Portugal e áreas da beira-mar/praia de Iracema. Grupos de manifestantes foram interceptados e revistados, quando ainda se dirigiam ao local, e avisados de que seriam conduzidos à delegacia se não dispersassem. Mesmo impedidos de se concentrar na praça e caçados pelas ruas adjacentes, um pequeno grupo conseguiu concentrar-se em outro ponto e sair em caminhada, embora fosse, em seguida, atacado pelo Choque. Houve agressões e pelo menos 10 detenções. A dispersão completa do pequeno contingente foi, assim, inevitável.

A ação repressiva de Camilo, alegando a necessidade de controle da pandemia, é indiscutivelmente hipócrita e reacionária, porque ocorre no momento em que o governo libera o funcionamento das indústrias, a abertura dos shoppings, do comércio popular e aumenta a frota de ônibus. Todos os dias, milhares são conduzidos ao trabalho aglomerados em ônibus/metrôs lotados e amargam o risco de contaminação seja nos transportes, seja nas empresas. Como se vê, as razões da repressão não estão no coronavirus, mas na necessidade de combater um ato dos explorados opositor e não controlado pela burocracia sindical e, de quebra agradar os setores reacionários (incluindo a PM), que foram, também, impedidos de realizar os seus.

Ao mesmo tempo em que estas medidas são adotadas, o estado do Ceará atinge o pico de expansão da covid-19 com o aumento do número de casos confirmados e óbitos (66.000 e 4.200, respec-tivamente). A diretriz de reabertura econômica tem sido seguida por todos os governadores do país; por cima destes agem o grande empresariado, os capitalistas do ramo industrial, banqueiros e o setor de serviços. O poder econômico determinou o desmonte do isolamento social, que a rigor, nunca existiu, salvo para uma minoria. Dada a colaboração de classe das centrais sindicais e das direções do movimento operário/camponês/estudantil com os partidos burgueses, os explorados seguiram a política burguesa de isolamento social e não puderam desenvolver a sua própria – que, com certeza, implicaria na defesa dos empregos, salários e direitos além da exigência de moradia e saúde a todos, taxação das grandes fortunas e não pagamento da dívida pública.

O POR foi impedido de participar da manifestação, pelas inúmeras abordagens, bloqueios policiais e pela dispersão do ato ocasionada pela repressão. Saúda, contudo, os lutadores que se mantiveram firmes e não cederam diante da ação policial do governo. Embora sufocado pela repressão, o ato rompeu com a política de passividade e de isolamento defendida, ferreamente, pela maioria das esquerdas traidoras. Eis o caminho que é preciso ser seguido. Não há como defender a vida das massas sem um programa de reivindicações. Não há como defender um programa de reivindicações sem ação de rua para materializá-lo. Que a vanguarda consciente se reorganize para voltar à luta!