• 01 ago 2020

    Que seja um Dia Nacional de luta pelos empregos, salários e saúde pública

Que seja um Dia Nacional de luta pelos empregos, salários e saúde pública

Editorial, Massas 615 – 2 de agosto de 2020

As centrais sindicais decidiram pela convocação de um “Dia Nacional de Luta pela Vida e Empregos”, para 7 de agosto. O Partido Operário Revolucionário vem fazendo uma campanha pela organização de um Dia Nacional de Luta pelos empregos, salários e saúde pública.

Criticamos os atos pelo “impeachment” e pela “democracia”, por terem como conteúdo uma solução burguesa para os impasses de Bolsonaro e a crise de governabilidade. A luta contra o governo militarista, ditatorial, fascistizante, antinacional e antipopular está plenamente colocada, mas com a política, os meios e as reivindicações da classe operária e demais explorados. O “Fora Bolsonaro” do PT, correntes de esquerda, centrais e movimentos tem por estratégia burguesa o impeachment, que, na melhor das hipóteses, pressupõe um democrático burguês. Assim, se contrapõe à estratégia da luta proletária por um governo próprio, o governo operário e camponês.

O desvio do descontentamento dos explorados com o governo antipopular para uma solução parlamentar implica pôr de lado a luta pelos empregos, salários e saúde pública. De maneira que a frentona pelo impeachment, montada por essas forças, está em franca contradição com as necessidades mais elementares da maioria oprimida. A sua irresponsabilidade chegou ao ponto de jogarem com o Dia Nacional de Luta, de 12 de julho. Não se organizou absolutamente nada! E o fracasso foi contabilizado antecipadamente. A frentona assim se comportou, porque viu e avaliou que não iria prosperar o movimento pelo impeachment, uma vez que, no Congresso Nacional e no STF, passou a vigorar uma virada no sentido de amortecer os conflitos institucionais.

Bolsonaro e seus generais não tiveram outra via, senão recuarem em suas pretensões golpistas, devido às condições adversas da economia, divisões interburguesas e pressões de poderosos grupos econômicos, interessados em manter a diretriz do ministro Paulo Guedes. Gostando ou não de Bolsonaro, o grande capital não vê com bons olhos o agravamento da crise política e a desintegração do governo militarizado.

A aposta do PT e aliados, que arrastam atrás de si as centrais, sindicatos, movimentos e esquerdas, era a de que o governo de Bolsonaro já estava inviabilizado, principalmente por sua diretriz contrária ao isolamento social em meio à pandemia. Não puderam levar em conta que o governo e Congresso Nacional se puseram de acordo em descarregar os efeitos da crise econômica sobre a classe operária e demais explorados, protegendo assim os interesses dos grandes capitalistas. As centrais, ao se curvarem diante da MP 936, favoreceram esse pacto informal, que se deu impulsionado por conflitos em torno à orientação de como responder à pandemia.

O PT, PCdoB e PSOL – partidos parlamentares reformistas – participaram, de uma maneira ou de outra, direta ou indiretamente, das negociatas entre governo e Congresso Nacional. Submeteram-se às divergências suscitadas pela política burguesa do isolamento social. As esquerdas sem parlamentares foram atraídas por esse movimento interburguês, entre elas o PSTU, uma vez que não têm política independente do reformismo. Foram responsáveis pelo fracasso do Dia Nacional de Luta, de julho. Agora, essas mesmas forças voltam a convocar, sob a bandeira geral de defesa da vida e dos empregos. O problema está em que continuam agarrados às disputas políticas em torno à política burguesa do isolamento social. Tudo indica que a bandeira de defesa dos empregos não passará da simples palavra. Isso por que apenas ocultaram, dessa vez, o objetivo principal, que é o impeachment. O POR defende que rompam de fato com a linha de submeter as massas ao jogo parlamentar e às eleições, utilizando-se, para esse objetivo, das centrais e sindicatos.

Milhões foram demitidos ou tiveram redução salarial em plena pandemia. Os desempregados superam os empregados, a informalidade passou por cima do trabalho formal, o trabalho remoto ganhou proporções impensadas, a pobreza, miséria e fome deram um salto à frente. É daí que a classe operária se reerguerá, depois de ser levada ao precipício da crise sanitária e econômica.

O POR luta para que a vanguarda com consciência de classe encarne o enfrentamento à política de colaboração de classes dos reformistas, burocratas sindicais e carreiristas, que se valem do movimento popular. Que rechace os interesses eleitorais que ganham corpo no momento. Que trabalhe por um verdadeiro Dia Nacional de Luta, com paralisação, em defesa dos empregos, salários e saúde pública. Que se inicie já a convocação das assembleias! Que se formem os comitês de frente única! Que se lance a campanha nas fábricas contra as demissões, pelas readmissões e pelo emprego aos desempregados. Que se dê um primeiro passo firme, para se darem outros contra a pobreza, miséria e fome, que emanam do capitalismo em decomposição.