• 09 jan 2021

    Agravamento da crise – Qual é a resposta da classe operária?

Agravamento da crise

Qual é a resposta da classe operária?

Editorial, Massas 626, 10 de janeiro de 2021

Um ano termina e outro se inicia, com o agravamento das crises sanitária, econômica e social. O Brasil ultrapassou a marca de 200 mil mortes, causadas pela pandemia. A “segunda onda” lotou os leitos e UTIs, e os óbitos diários atingiram pontos altos da série. Assim, cresceram as pressões sobre o governo federal para iniciar a vacinação ainda em janeiro. Não há como ocultar que a política burguesa do isolamento social fracassou. Restam as violentas consequências da pandemia e da crise econômica, que recaem principalmente sobre os pobres e miseráveis.

É nessas condições que, de um lado, se extinguiu o pequeno auxílio emergencial, e, de outro, Bolsonaro decretou o salário mínimo de R$ 1.100,00, responsável pela vasta pobreza das massas. A Mercedes-Benz confirmou o objetivo de fechar a planta de Iracemápolis, em São Paulo, que resultará na destruição de 370 postos de trabalho.  Do plano de demissão de 1.681, a Eletrobrás conseguiu impor 1.200, valendo-se do PDC (Plano de Demissão Consensual). A Petrobrás abriu o PDV (Plano de Demissão Voluntária), para o mês de janeiro. A diretriz de rebaixamento dos salários e das demissões são duas vias interligadas, e utilizadas pelos capitalistas e seus governos para descarregarem a crise econômica sobre a classe operária e demais trabalhadores.

No fim do ano, os preços dos produtos de primeira necessidade foram elevados, pesando enormemente no valor da cesta básica. O salário mínimo de Bolsonaro é uma afronta às necessidades elementares da maioria dos brasileiros.

Nesse mesmo espaço de tempo, o agronegócio realizou um “tratoraço” no interior do estado de São Paulo, exigindo do governador Doria a revogação da medida fiscal que retira 20% dos subsídios e benefícios, reonerando o ICMS. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), e a Associação Paulista de Supermercado (Apas), mobilizaram 300 municípios com o tratoraço. Diante do protesto, o governo suspendeu a aplicação. O pacote fiscal, aprovado pela Alesp, depois de grandes conflitos legislativos, em outubro, é abrangente, privatista e de ataque ao funcionalismo.

O prefeito reeleito, Covas, e o governador Doria, imediatamente, retiraram o direito de parte dos idosos ao passe transporte. Paulo Guedes, Ministro da Economia, aguarda a eleição da presidência da Câmara de Deputados, para apresentar um projeto sobre a Carteira Verde Amarela. É uma medida que serve à implantação da reforma trabalhista. Com essa carteira, o patronato pode contratar sem que tenha de garantir direitos e fazer o recolhimento da contribuição previdenciária. Leva-se ao extremo a precarização das relações de trabalho.

A juventude vem sendo sacrificada ano a ano, por não ter empregos estáveis, direitos e salários regulares. É assombroso que 77,4%, dois terços da força de trabalho jovem, se encontram nessas condições de escravidão burguesa. Desemprego e subemprego das massas jovens refletem a desintegração do capitalismo e a barbárie.

O País inicia o ano oficialmente com 14,2 milhões de desempregados, 14,6% da força de trabalho, elevação do custo de vida, subemprego em alta, salário mínimo de fome, fim do auxílio emergencial, capitalistas publicando planos de demissões, governadores cortando benefícios aos pobres, e o ministro da Economia preparando a Carteira Verde Amarela.

A classe operária e demais explorados estão diante de tamanha calamidade, que terão de reagir, mais cedo ou mais tarde. A longa pandemia golpeou duramente os explorados. Mas, foram a sua desorganização e a política de conciliação de classes das direções sindicais e políticas que bloquearam as iniciativas de luta. Esse quadro de calamidade se choca com a passividade das massas. E expõe a traição das direções, que sujeitaram os sindicatos e as organizações populares à política burguesa do isolamento social. Essa camisa de força acabará sendo rompida pelas necessidades prementes e pela revolta instintiva dos explorados.

Está colocada a campanha em defesa dos empregos e salários. Trata-se de realizar uma ampla propaganda e agitação pela organização de um movimento nacional, constituído sobre a base das assembleias e dos comitês de base. Está ficando difícil à burocracia sindical manter o bloqueio da ação direta do proletariado. A bandeira de que as direções sindicais rompam com a política de subordinação aos interesses da burguesia, e abram os sindicatos para as massas se torna cada vez mais compreensível aos empregados e desempregados, em particular à juventude. É por essa via que a classe operária se recuperará dos golpes sofridos, e encabeçará o movimento da maioria oprimida contra a burguesia e seus governantes.