• 20 mar 2021

    Viva as Conferências Regionais do POR!

Viva as Conferências Regionais do POR!

A tarefa histórica consiste em superar a crise de direção mundial

A construção do partido revolucionário em cada país é parte da reconstrução do Partido Mundial da Revolução Socialista

Massas 632, editorial, 21 de março de 2021

O Partido Operário Revolucionário realizou suas Conferências Regionais entre janeiro e março. Iniciou a preparação em outubro. Dois meses depois, as principais resoluções estavam concluídas, e já se discutiam nas células os seus fundamentos programáticos, a linha política, as bandeiras e a tática. Nesse espaço de tempo, o partido desenvolvia sistemáticas campanhas, de respostas à crise sanitária, à onda de fechamento de fábricas, à destruição de postos de trabalho, à redução dos salários, à liquidação de direitos trabalhistas, ao avanço da implantação do ensino a distância. Travava a luta contra as medidas emergenciais do governo Bolsonaro e do Congresso Nacional, rechaçando seu conteúdo e orientação antioperária, antipopular e antinacional. Nesse mesmo espaço de tempo, combatia a política de conciliação de classes das direções sindicais e dos partidos reformistas, cujas consequências eram e são reforçar a passividade das massas, desorientadas e assustadas com o desconhecido fenômeno da pandemia. Em particular, o POR se dedicava à luta contra o fechamento da Ford, depois de se ter empenhado na defesa da greve dos metalúrgicos da Renault e dos trabalhadores dos Correios. Ainda quando se realizavam as Conferências de São Paulo e da regional Norte, o partido se dedicava a evitar que a impostura da direção dos sindicatos dos professores paulistas causasse grandes estragos, com a sua “greve sanitária”.

As raras manifestações de rua ajudaram o POR a expor sua crítica à política burguesa do isolamento social, e a defender um programa de emergência, capaz de unificar os explorados contra as brutais consequências da crise sanitária e econômica. A sua militância aguerrida e confiante, de posse da linha política, da tática e da estratégia, procurou se colocar à frente de cada luta concreta e coletiva. Fez de tudo para participar do movimento de resistência dos metalúrgicos da Ford, intervindo em suas assembleias e divulgando nas portas de fábrica, por meio do Boletim Nossa Classe, a necessidade das centrais realizarem uma poderosa campanha nacional pela estatização sem indenização.

Foi nas condições de potente flagelo dos explorados – poucas vezes vistas, com tal magnitude, na história social do País – e de profunda passividade do proletariado, acuado e destituído de suas armas de ação e organização coletivas – os seus sindicatos –, que a militância porista, compenetrada, convicta, disciplinada e destemida realizou suas três Conferências Regionais. Graficamente, se pode dizer que o cumprimento dessa tarefa abriu mais uma trincheira, que fortalece a luta defensiva da vanguarda com consciência de classe, em superar a crise de direção revolucionária.

A gigantesca crise mundial, que arrastou o Brasil para o precipício econômico, e potenciou a barbárie social, tornou ainda mais claras as condições objetivas, necessárias às revoluções proletárias, à derrocada dos monopólios, à liquidação do parasitismo financeiro, e à transformação da propriedade privada dos meios de produção em propriedade socialista. Expôs o completo envelhecimento e decadência da burguesia, incapaz de defender a vida das massas, e de proteger os países mais débeis economicamente da mortífera pandemia. Mas, também expôs a dimensão da escala a que chegou a regressão das conquistas revolucionárias do proletariado mundial.

A morte de mais de 2,7 milhões de pessoas – a imensa maioria de pobres e miseráveis – equivale a uma situação de guerra. Tanto é que configurou a maior tragédia internacional do pós-Segunda Guerra. O Brasil ocupou o lugar dos Estados Unidos, como epicentro da crise sanitária, aproximando-se de trezentos mil mortos. Os governantes – administradores dos negócios da burguesia – sapateiam por cima da montanha de cadáveres, com suas mil e tantas divergências e disputas políticas. Sequer conseguiram promover uma ação comum de combate à pandemia, por meio da vacinação. As potências e os monopólios se utilizam desse quadro tétrico, de enfraquecimento das nações oprimidas, para especular e travar a guerra comercial em torno à principal arma de controle da pandemia e de arrefecimento das mortes.

É sob essa situação mundial sombria, que a vanguarda com consciência de classe tem de recorrer – com o máximo de decisão e vontade – às conquistas programáticas, teóricas e práticas do marxismo-leninismo-trotskismo. Não há um só novo problema que expresse a desintegração do capitalismo, que não encontre resposta no marxismo. Evidentemente, as conquistas não resolvem a tarefa de conhecer detalhadamente as particularidades de cada país. Nessa tarefa, reside a responsabilidade dos revolucionários. Avaliamos que as Conferências do POR deram mais um passo nesse sentido. Penetramos um pouco mais nas leis históricas da formação do Brasil semicolonial. Entendemos um pouco mais das leis econômicas, que condicionam as crises, o bloqueio das forças produtivas, o desemprego crônico, e a miséria estrutural. Entendemos também um pouco mais das causas que impossibilitaram que a burguesia superasse o caráter oligárquico da democracia, e evitasse a mais aguda decomposição, como a que vem se manifestando, desde o golpe militar de 1964.

As Conferências Regionais expressam a construção do partido leninista. E, como tal, assinalam o caminho por onde se cumprirá o objetivo de reconstruir o Partido Mundial da Revolução Socialista, a IV Internacional.