• 22 mar 2021

    Carta do Partido Operário Revolucionário aos trabalhadores e à juventude oprimida

Carta do Partido Operário Revolucionário aos trabalhadores e à juventude oprimida

Operários denunciam os perigos de contaminação

Que os sindicatos tomem em suas mãos a luta pela proteção dos explorados

Nenhuma dependência e confiança nas medidas dos governos!

22 de março de 2021

Com a nova onda de contaminação e mortes, operárias e operários voltaram a denunciar as más condições de trabalho e os casos de Covid-19, que acometeram companheiros de trabalho. Há inclusive denúncia de um médico que deixou seu posto na fábrica, devido à irresponsabilidade do empresário. Muito se noticia sobre os perigos das festas e pancadões, que, de fato, mostram a que ponto chegou a banalização da pandemia por uma parte da população. Mas, não se mostra o que se passa no interior das fábricas. De passagem, se mostram os “grupos de risco”, como atendentes, balconistas, caixas, faxineiras, etc. E não se condenam as gigantescas concentrações nos ônibus, metrôs e trens.

O vai e vem de medidas parciais de isolamento e quarentena indica que os governos não têm como agir de acordo com a disseminação do vírus. Isso porque dependem das pressões políticas e dos interesses dos capitalistas, que tudo fazem para que seus negócios e lucros não sejam afetados. Os bilionários não abriram mão de recursos para financiar as medidas de proteção social. As multinacionais, que controlam uma importante parcela da economia nacional, não arcaram com nada. Quem está arcando com o maior sacrifício são os trabalhadores; depois vêm os pequenos e médios negociantes, que não têm capital suficiente para atravessar a crise econômica – muitos fecharam as portas.

O Plano de Emergência do governo Bolsonaro e do Congresso Nacional serviram aos grandes capitalistas. O auxílio emergencial mal deu para a comida dos mais pobres. E, agora, que a crise se agravou, os governantes reduziram ainda mais o seu valor, a quantidade de pobres e o tempo de validade. O desemprego cresceu e agigantou o subemprego. É nessas terríveis condições que as mortes chegam a uma média diária de mais de duas mil pessoas.

Já se passou um ano de infame tragédia, que se abate sobre a maioria oprimida, sem que os governantes e a burguesia tenham mostrado capacidade para controlar a pandemia, e cercar de cuidados os milhões de trabalhadores que mais precisam. A centrais sindicais realizarão um isolamento radical (lockdown), no dia 24 de março, nas fábricas, fruto de um acordo com as montadoras, sindicatos patronais e com o governador Doria. Admitem reedição da MP 936, que permite aos patrões reduzirem a jornada e os salários. A Volks anunciou que fará uma paralisação em todas suas fábricas, entre os dias 24 março a 4 de abril. Não se sabe ainda quais serão as consequências sobre os salários dos metalúrgicos.

Os assalariados já não mais suportam ser a maior vítima da pandemia, e carregar o peso das demissões, dos cortes salariais e destruições de direitos trabalhistas. O caminho a ser tomado é outro: os sindicatos, centrais e movimentos devem tomar em suas mãos a responsabilidade de organizar a luta da classe operária e dos demais trabalhadores em sua própria defesa, e contra todas as medidas que destroem postos de trabalho, aumentam o desemprego e reduzem os salários. Os explorados estão sofrendo, tanto com a contaminação e mortes, quanto com a destruição de suas condições materiais de existência, que são os empregos e os salários.

A resposta tem de ser uma só – em defesa das condições sanitárias e das condições trabalhistas. Por isso, a burguesia e seus governantes não podem proteger a maioria oprimida da escalada do Covid-19. É urgente que as direções sindicais abram as portas dos sindicatos e os coloquem a funcionar. É urgente que abandonem os meios virtuais, que servem apenas para fazer de conta com a democracia sindical, e enganar a classe operária. É urgente que voltem a convocar as assembleias presenciais, com o objetivo comum de organizar um poderoso movimento de defesa da vida dos explorados e das condições materiais de existência. Se não for assim, o lockdown das centrais não servirá à luta da classe operária, e reforçará as medidas burguesas do isolamento social.

As operárias e operários, que vêm denunciando os perigos que correm nas fábricas, se acham órfãos de seus sindicatos, e se mostram individualmente em um beco sem saída. Não há dúvida de que existe um sentimento de revolta coletiva, presa e contida pela camisa de força do sentimento de impotência individual. O rompimento dessa amarra começa por coletivizar a compreensão de classe da desgraça que abate sobre os trabalhadores, e por abrir caminho à mobilização e organização independente. Um passo que se dê nesse sentido coloca a classe operária em contraposição e choque diante da armadilha criada pelos conflitos entre Bolsonaro e a frente de governadores, liderada por Doria.

Basta de morrer como moscas nos hospitais, nas filas de pronto-socorro e em casa! Basta da politicagem em torno ao isolamento social e às vacinas! Basta de medidas burguesas emergenciais! Basta de MPs 936! Basta de demissões! Que as centrais, sindicatos e movimentos rompam com os laços de colaboração, que os prendem aos interesses da burguesia e às disputas políticas entre os governantes! Que lancem uma campanha imediata pela vacina universal, a começar a ser aplicada nos mais pobres e miseráveis! Que seja uma vacinação universal, livre dos interesses privados, controlada pelos próprios sindicatos e comitês de bairro! Que as medidas de isolamento social do governo e o lockdown nas fábricas organizado pelas centrais sejam aproveitados para convocar as assembleias, e organizar a luta independente diante das manobras governamentais. Esse é um primeiro passo para que a classe operária e demais explorados tomem em suas mãos a sua própria defesa.  É um primeiro passo para se lançar em defesa a um plano de emergência próprio da classe operária e demais explorados.