• 13 abr 2021

    1° de Maio – Carta Aberta aos partidos que se reivindicam do socialismo

Carta Aberta aos partidos que se reivindicam do socialismo

                13 de abril de 2021

Dirigimos um chamado aos sindicatos, movimentos e centrais, para que organizassem um 1º de Maio unificado, classista e presencial. Sabíamos que nosso apelo se perderia no deserto.

As direções sindicais  assumiram a bandeira do “fique em casa”. Deram a ela o conteúdo político e social de não realizar manifestações operárias e populares. Assim, amarraram os sindicatos, movimentos e centrais à política burguesa do isolamento social, que, como vemos, fracassou no objetivo de conter a pandemia e reduzir o número de mortos. Esse atrelamento permitiu que as direções mantivessem a classe operária e os demais trabalhadores passivos e acuados, diante de uma onda de fechamento de fábricas e de demissões. Mais ainda, que colaborassem com a aplicação da MP 936, e que se recusassem a mobilizar os pobres, miseráveis e famintos, por um auxílio emergencial que de fato cobrisse as suas reais necessidades.

Bolsonaro e Congresso Nacional fizeram e desfizeram do auxílio emergencial, de maneira que, no pior momento da pandemia, decretaram um valor que sequer ameniza o flagelo de milhões. As direções sindicais, em vez de organizarem a luta dos explorados, se juntaram à campanha burguesa de arrecadação de alimentos. Não precisa ser um grande conhecedor da história social do capitalismo, para saber que o “humanitarismo” dos exploradores tem como função evitar o levante dos oprimidos, bem como bloquear a sua organização independente e a elevação de sua consciência de classe.

A política de conciliação das direções sindicais desembocou no desarme ideológico, político e organizativo da classe operária e dos demais trabalhadores, no momento em que mais era preciso ter uma posição classista e defender um programa de emergência próprio dos explorados. O resultado tem sido catastrófico para as condições de existência da maioria oprimida.

Quem não vê que a adesão das direções sindicais à cínica e hipócrita campanha de doação de alimentos, promovida pelas emissoras de rádio e TV, é uma forma de colaborar com o fracasso da burguesia em proteger as massas? Quem não vê que é uma quirela suplementar à migalha do auxilio emergência? A solidariedade operária é aquela que fortalece a coesão dos explorados, que se lançam à luta em sua própria defesa.  Vejam o que aconteceu com o fechamento da Ford. As centrais não organizaram uma solidariedade classista e ativa em defesa dos empregos. Nesse exato momento, acontece o mesmo com o fechamento da LG.

Essa política antioperária e antipopular das direções vendidas ao capital é responsável pelo desarmamento da classe operária diante da pandemia, da crise econômica e da incapacidade da burguesia e de seus governantes de protegerem minimamente os pobres, miseráveis e famintos. É responsável por ter cancelado o Dia Nacional de Luta, em 18 de março do ano passado, quando a pandemia recém se manifestava. É responsável por não convocar o 1º de Maio de 2020. E agora, é responsável por repetir um 1º de Maio virtual e patronal.

A CSP-Conlutas , juntamente com a Intersindical, lançou um Manifesto “Por um 1º de Maio classista, de luta e internacionalista em defesa da vida”.  No entanto, recorre ao mesmo caminho da virtualidade, traçado pela CUT, Força Sindical, CTB e outras centrais. Essa decisão impossibilita a realização de um 1º de Maio  presencial, convocado pela CSP-Conlutas e Intersindical, que se postam de opositoras ao colaboracionismo das demais centrais.  O argumento para não organizar o 1º de Maio presencial é o mesmo que o das direções burocráticas e conciliadoras. Em palavras, os representantes da CSP-Conlutas e Intersindical  falarão em nome do classismo, da luta e do internacionalismo. Mas, na prática, permanecerão no mesmo campo das centrais, que se sujeitaram de corpo e alma à política burguesa do isolamento social, que se refugiaram na virtualidade e que auxiliarem a burguesia a empurrar o proletariado a uma passividade jamais vista em tempos de crise.

Resta, então, a realização de um “1º de Maio classista, de luta e internacionalista” a ser organizado por uma frente de esquerda. Esse é o motivo pelo qual o Partido Operário Revolucionário propõe às correntes que se reivindicam do socialismo a constituir um comitê de convocação do 1º de Maio presencial. Na reunião do comitê, podemos discutir o local e as bandeiras que unificam, sem que as correntes percam o direito de defenderem o que acham justo. O POR se dispõe, imediatamente, a realizar uma reunião. Esperamos uma resposta positiva. A situação exige que a classe operária e os demais explorados comecem a recuperar suas forças sociais e a combater com seu programa e seus métodos em sua própria defesa.

Sem mais, saudações revolucionárias

Partido Operário Revolucionário