• 23 abr 2021

    Carta do POR – Orientação política e tarefa do 1º de Maio

Carta do Partido Operário Revolucionário

Aos trabalhadores, à juventude e a todos aqueles que estão por um 1º de Maio presencial, classista e internacionalista

Orientação política e tarefa do 1º de Maio

22 de abril de 2021

A burocracia sindical, neste ano, não poderá arregimentar os trabalhadores e a militância reformista para a festividade. Chegamos perto dos 400 mil mortos, e a pandemia mantém seu curso destrutivo. Os burocratas irão repetir discursos por meio virtual, como fizeram no ano passado, quando a pandemia mal atingia o País. Momento em que não se tinha a dimensão do seu alcance. A população trabalhadora, agora, sabe perfeitamente o fardo que carrega sobre as costas. E também sabe que não terá um alívio tão cedo. Do 1º de Maio de 2020 ao do presente ano, os fatos deixaram claro que a burguesia e seus governos se mostraram incapazes de proteger a vida da maioria oprimida.

O balanço numérico do flagelo é feito pelos órgãos governamentais, e apresentado diariamente pela imprensa. Balanço que não se limita à mortandade e ao colapso da saúde pública. As autoridades não têm como ocultar as consequências econômicas da crise que, em grande medida, recaem sobre a classe operária e os demais explorados. Não têm como ocultar que a pobreza, a miséria e a fome se expandiram.

É tão grave a situação das massas, que várias instituições dos exploradores precisam fazer a hipócrita campanha “humanitária” de arrecadação de alimentos. O auxílio emergencial de Bolsonaro e Congresso Nacional mais revelou a tragédia social do que a amenizou. E para deixar claro que nem mesmo a esmola dos R$ 600,00 poderia ser mantida, foi baixada para uma média de R$ 250,00. As marcas mais profundas desse longo período de pandemia são as dos cemitérios e as da fome.

É bem conhecida a compatibilidade das doenças endêmicas, epidêmicas e pandêmicas com a miséria de amplas camadas da população. A primeira, de caráter natural; a segunda, social. A pobreza, miséria e fome são os melhores celeiros para as doenças.

As ondas de demissões, de fechamento de fábricas e negócios, de “acordos” de redução salarial, e de precarização das condições de trabalho, empurraram e vêm empurrando as massas para o precipício da barbárie. Não é preciso demonstrar com estatísticas a sua vastidão e profundidade. Esse quadro de horror e desespero está bem à vista da população, das direções sindicais e dos partidos que se reivindicam dos trabalhadores, e daqueles que até mesmo se declaram socialistas.

O 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, ocorrerá diante dessa visível situação de agravamento da barbárie social. Dizemos agravamento, uma vez que a barbárie já vinha avançando, ano a ano, como consequência das leis econômicas do capitalismo decrépito, e da polarização crescente entre a minoria burguesa exploradora e a maioria explorada.

O 1º de Maio está obrigado a responder à incapacidade da burguesia de proteger a maioria oprimida da pandemia, e às imposições de medidas capitalistas e governamentais, que resultam em desemprego, redução salarial e precarização das relações trabalhistas. Esse é o ponto de partida para reerguer e recuperar as forças sociais do proletariado e dos demais trabalhadores.

É imperativo que o 1º de Maio aprove um programa de emergência próprio dos explorados, e estabeleça os novos passos da luta. Os pilares do combate emergencial são: emprego, salário, direitos trabalhistas e saúde pública. O caráter emergencial corresponde à necessidade imediata de estancar as demissões, recuperar postos de trabalho destruídos, proteger os desempregados, defender os direitos trabalhistas, e interromper o avanço da pandemia.

O 1º de Maio somente será classista, socialista e internacionalista, se cumprir o objetivo de mobilizar e organizar a luta pelo programa de emergência dos explorados, oposto ao de Bolsonaro, Congresso Nacional e governadores. Não se pode desviar um milímetro dessa tarefa. Para isso, o Dia Internacional dos Trabalhadores deve ser presencial e de luta de classes.

Ocorre que está definido que as centrais, sindicatos e movimentos permanecerão recolhidos no mundo virtual. Somente a vanguarda combativa realizará, em alguns estados, o 1º de Maio presencial. A sua responsabilidade é enorme. Deve tomar em suas mãos a defesa do programa de emergência, dos métodos de luta e da organização independente do proletariado. Deve evitar desvios que obscureçam e atrapalhem a exposição para as massas do objetivo e tarefa urgentes do 1º de Maio, que são os de dar passos na recuperação das forças sociais das massas, esmagadas pela política burguesa e pela colaboração de classes das direções sindicais e partidos, que continuam a negar e a obstaculizar a luta das massas.

Está também definido que a CUT, Força Sindical, CTB, etc. e partidos, como o PT, PCdoB e PSOL, vão discursar sobre o desemprego, a fome e a responsabilidade de Bolsonaro pela tragédia, para finalmente indicar o caminho das eleições presidenciais. A CSP-Conlutas, uma ala da Intersindical, o PSTU e uma fração do PSOL não terão como se distinguir no essencial dos burocratas e reformistas da CUT, do PT e comparsas, presos que ficaram na rede da passividade e da incapacidade de colocarem seus sindicatos em uma só coluna de combate às medidas da burguesia e à política de colaboração de classes.

Não houve, portanto, como romper o isolamento da vanguarda, que se colocou pelo 1º de Maio presencial. Isolamento que aumenta sua responsabilidade, diante da tarefa de erguer as bandeiras classistas do programa de emergência e os métodos de luta correspondentes. Os desvios eleitorais e a complacência com a estratégia de arregimentação das massas por meio das ilusões democráticas não podem imperar no 1º de Maio presencial.

O Partido Operário Revolucionário vem se esforçando por impulsionar uma frente das esquerdas que se colocam no campo da realização do 1º de Maio presencial. Não é fácil estabelecer um acordo, inclusive sobre reivindicações elementares. Mas, todo esforço para quebrar a política da passividade, que colocou no mesmo terreno a CUT e a CSP-Conlutas, tem sido feito. Eis o nosso programa de emergência proposto:

  • Lutar em defesa dos empregos, salários, direitos, saúde pública e vacinação universal, a começar pelos pobres e miseráveis;
  • Mobilizar contra a alta do custo de vida, as perdas salariais e o aumento da miséria. Por reajustes e por um salário mínimo vital;
  • Exigir que os sindicatos abram as suas portas e organizem a resistência coletiva dos trabalhadores;
  • Exigir que as centrais sindicais convoquem um Dia Nacional de Luta, com paralisações, para iniciar a recuperação das forças organizadas da classe operária, e criar as condições para pôr em pé um poderoso movimento de massas;
  • Unir os empregados, os desempregados e os subempregados, unir os servidores públicos e os trabalhadores da iniciativa privada, a juventude oprimida e todos os explorados, em um só movimento, com independência de classe;
  • Tomar as ruas em defesa da vacinação universal, a começar pelos pobres e miseráveis. Pela quebra das patentes. Fim do controle monopolista das vacinas;
  • Exigir a mais ampla liberdade aos lutadores, pondo abaixo a legislação antigreve e todo o aparato repressivo e autoritário;
  • Combater a Reforma Administrativa, bem como lutar pela revogação de todas as contrarreformas já aprovadas;
  • Lutar pelo não pagamento da dívida pública. E pela aplicação dos recursos no combate à pandemia e execução de um plano emergencial de obras públicas, para empregar os desempregados;

Chamamos a vanguarda com consciência de classe a constituir a frente de esquerda pelo 1º de Maio presencial, classista, socialista e internacionalista, levantando as bandeiras que de fato preparam o terreno para a recuperação das forças sociais do proletariado e dos meios da luta de classes.

Viva o 1º de Maio presencial!

Abaixo a impostura do 1º de Maio virtual!

Por um programa de emergência próprio dos explorados!

Por um 1º de Maio classista, socialista e internacionalista!