• 27 ago 2021

    Décima Quarta Carta do POR – Confirmada a manifestação de 7 de setembro, no Anhangabaú

Décima Quarta Carta do Partido Operário Revolucionário

 Aos trabalhadores e à juventude oprimida

Confirmada a manifestação de 7 de setembro, no Anhangabaú

Por uma manifestação massiva e combativa, operária e popular!

27 de agosto de 2021

A coordenação da “Campanha Nacional Fora Bolsonaro” decidiu não acatar a proibição do governador de São Paulo, João Doria, que pretende impedir a manifestação no Anhangabaú. O governador do PSDB, além de entregar a Av. Paulista para os bolsonaristas, decidiu, também, transferir arbitrariamente a 5ª manifestação contra Bolsonaro para o dia 12 de setembro.

A confirmação do 27º “grito dos excluídos” responde, tanto ao autoritarismo de Doria, quanto à sua incapacidade de enfrentar os ultradireitistas. Esse fato demonstra o erro das direções sindicais e políticas do movimento “Fora Bolsonaro”, em pretender uma frente ampla com partidos da burguesia, que se dizem oposicionistas ao governo “negacionista” e “genocida”. Erro esse que deriva da estratégia de afastar Bolsonaro pelo impeachment. O que tem causado um desvio de conteúdo de classe das manifestações, que, desde o início, estiveram subordinadas ao jogo político do Congresso Nacional e das disputas eleitorais. As necessidades vitais dos explorados, portanto, ficaram à margem, embora a própria direção do movimento denunciasse a situação de miséria e fome, e demonstrasse bons desejos de que a economia voltasse a crescer, gerando “empregos e renda”.

Não basta, assim, apenas manter a manifestação no Anhangabaú, e repetir duros discursos oposicionistas a Bolsonaro. Não basta manter o movimento limitado a camadas da classe média descontente com o governo ultradireitista. É preciso organizar e mobilizar a classe operária e os demais assalariados, que têm suportado as demissões, a redução de seus ganhos, e o pisoteamento dos direitos trabalhistas. Não há nada mais perigoso para o movimento de massa, que se iniciou em 29 de maio, do que transformar a manifestação do Anhangabaú em palanque eleitoral e festividades.

Lá no espigão da Av. Paulista – centro dos altos negócios da burguesia e sede da Fiesp –, os ultradireitistas se reunirão, não para expressar o seu falso patriotismo sobre a data oficial da independência do Brasil. Mas, sim, para defender os interesses dos exploradores; para defender a política que tem imposto as contrarreformas, as privatizações e o esmagamento das condições de vida da maioria oprimida. Eis por que clamam pela intervenção dos militares na crise política, que vem desagregando as relações institucionais do Estado burguês. Lá estarão a classe média alta branca, os empresários que financiam a ultradireita, os parlamentares das bancadas da “Bala, da Bíblia e do Boi”, os policiais e militares que querem uma ditadura fascista – todos eles, serviçais do grande capital.

Aqui no Anhangabaú – centro velho da capital –, estarão os assalariados, os desempregados, subempregados, pobres e miseráveis, negros e brancos, lutando pelos empregos, salários e direitos trabalhistas; lutando para derrubar as contrarreformas trabalhista, previdenciária e administrativa; lutando para acabar com as privatizações, e reestatizar as privatizadas; lutando por uma saúde pública capaz de proteger os explorados; lutando contra o governo burguês de Bolsonaro e o golpismo. Mas, para que assim seja, as direções do movimento devem abandonar a política de conciliação de classes, devem deixar de criar ilusões de que basta trocar um governo burguês “genocida” por outro mais “humano”, mais comprometido com o assistencialismo, e mais disposto a promover a distribuição de renda, para que os empregos voltem aos milhões, os salários sejam recuperados, o subemprego diminuído, e a fome, banida do mapa.

O capitalismo em decomposição não permite reformas econômicas e sociais, capazes de impulsionar as forças produtivas e elevar as condições de vida das massas. E não se devem confundir as políticas públicas assistenciais com verdadeiras reformas, que atingem os interesses dos latifundiários, do capital financeiro e dos monopólios nacionais e multinacionais. Eis por que nenhum governo que substitua Bolsonaro cancelará a dívida pública, nacionalizará os recursos naturais, imporá o controle estatal do comércio exterior, elevará o salário mínimo de acordo com as necessidades reais da família operária, revogará as contrarreformas trabalhista e previdenciária, erradicará o analfabetismo, criará um sistema único público de saúde e educação, acabará com as mais variadas discriminações de raça e sexo, entre outras tarefas democráticas. Nenhum governo burguês será capaz de impor, ao imperialismo, a independência nacional, uma vez que implica expropriar e nacionalizar os monopólios, que saqueiam o país, e bloqueiam o desenvolvimento integral das forças produtivas nacionais.

As promessas de que os explorados serão devidamente protegidos da crise econômica e da brutal exploração do trabalho, bastando a remoção de Bolsonaro, são inteiramente falsas e hipócritas. Infelizmente, esse tem sido o conteúdo da bandeira estratégica do “Fora Bolsonaro”. Caso seja mantido no dia 7 de setembro, a manifestação do Anhangabaú não será capaz de se contrapor à manifestação da ultradireita bolsonarista.

A CUT diz que “participará dos atos Fora Bolsonaro levando às ruas a pauta dos trabalhadores, como a defesa do emprego e renda, auxílio emergencial, vacina já, e reforçará a luta contra a ofensiva fascista de Bolsonaro”. Para isso, no entanto, os sindicatos terão de imediatamente realizar as assembleias presenciais, formar comitês de base, unir empregados e desempregados, e marchar organizados para o Anhangabaú. Se a manifestação não for massiva, classista e combativa, os bolsonaristas do espigão da Av. Paulista farão sombra ao Vale do Anhangabaú. Aumentou, como se vê, a responsabilidade das direções do movimento, diante do presente de Doria aos ultradireitistas.

Estamos obrigados a ocupar todo o Anhangabaú e levantar as bandeiras de emprego, salário, direitos trabalhistas; contra as privatizações e pela derrubada das contrarreformas. Estamos obrigados a cerrar os punhos coletivamente contra o governo e a burguesia, que sacrificam a vida da maioria oprimida, para protegerem seus capitais e lucros. Estamos obrigados a marchar pela cidade aos gritos, contra a pobreza, miséria e fome, e contra a mortandade causada pela incapacidade da burguesia de reagir com todos os meios possíveis à Pandemia. E estamos obrigados a concluir nossa marcha com a aprovação de um verdadeiro Dia Nacional de Luta, com paralisações e bloqueios. Um Dia Nacional de Luta convocado sobre a base de uma Carta de Reivindicações, discutida em assembleias e reuniões. Essa é a única resposta para colocar nosso movimento à altura do enfrentamento ao governo burguês de plantão e aos seus ataques sistemáticos às condições de trabalho e vida da maioria oprimida.

O Partido Operário Revolucionário chama a vanguarda com consciência de classe a lutar sob essa orientação classista, contra a ultradireita golpista e a centro-direita que favorece o golpismo. E a combater os desvios impostos ao movimento pela direção reformista e conciliadora.

Viva a manifestação dos trabalhadores do Vale do Anhangabaú!
Abaixo a manifestação bolsonarista do espigão da Av. Paulista!