• 05 nov 2021

    Declaração do POR – 5 milhões de mortos pela Pandemia estampam a barbárie capitalista

Declaração do Partido Operário Revolucionário

5 milhões de mortos pela Pandemia estampam a barbárie capitalista

Demonstram a necessidade histórica da destruição do capitalismo e edificação do socialismo

4 de novembro de 2021

Esse gigantesco número foi apurado no momento em que se avalia que a Pandemia arrefece seu impulso em parte do mundo, e evidencia o seu controle relativo. O que quer dizer que o número de contágios e de mortes não sobe de forma tão violenta como antes. Entre os especialistas, se discute sobre a possibilidade ou não de sua erradicação; ou ainda, se o mundo terá de conviver com a Covid-19 na forma de endemia. Parece haver um acordo de que o seu controle relativo é um fato.

O que mais chama a atenção nessa discussão é que apenas 39,5%, em 3 de novembro, da população mundial foi vacinada. Dessa porcentagem, poucos países realizaram a vacinação entre 50% a 70% da população. A Europa Ocidental comparece como a região mais coberta pela imunização. Em contraposição, o continente africano atingiu somente 6% de sua população. A maior parte dos países dos continentes mais atrasados economicamente, como na África, Ásia e América Latina e Central, ficaram mais descobertos. E, mesmo entre os países desses continentes, poucos conseguiram algum êxito com a vacinação. Essa disparidade põe em dúvida a avaliação de que a Pandemia está em franco processo de controle.

Já foi demonstrado que a utilização do isolamento social e uso de máscaras são recursos limitados e provisórios. Seus impactos na economia também diferenciam os países ricos dos países pobres. A vacinação é o meio mais eficaz, como se comprovou no caso de outras epidemias e pandemias. Eis por que os analistas não puderam deixar de se referir à concentração da vacinação nos “países desenvolvidos”. E de alertar sobre a obrigatoriedade de avançar a imunização nos continentes que estão a descobertos, principalmente no africano.  Estava previsto que boa parte dos países não teria acesso à vacina, devido à falta de recursos para comprá-la.

A demagogia da Organização Mundial da Saúde (OMS), de promover a vacinação nesses países, logo caiu por terra. Sua função foi e tem sido a de determinar normas, como o distanciamento social, uso de máscaras, etc., de servir de palanque para discursos politiqueiros e instrumento da guerra comercial, encabeçada pelos monopólios farmacêuticos imperialistas. O palavreado sobre a necessidade de ter uma campanha mundial coordenada, que garantisse a igualdade entre as nações de combate à Pandemia, como se vê, ocultou a responsabilidade das potências e dos monopólios, diante do catastrófico número de 5 milhões de mortos, em pouco menos de 2 anos.

Em todo o transcurso da Pandemia, imperaram os interesses econômico-financeiros do grande capital, em particular daquele que controla o complexo químico-farmacêutico. O maior crime contra a humanidade foi praticado, não por este ou aquele governo taxado de “negacionista” e “genocida”, mas sim pelas potências e seus monopólios. Havia e há plenas condições científicas e financeiras para um combate geral, muito mais eficaz e efetivo, ao novo coronavírus. A proteção de suas fronteiras nacionais, a liberdade dos monopólios de determinarem o curso da vacinação, a busca da maior lucratividade possível, e a guerra comercial, favoreceram a proliferação mundial da Pandemia, sacrificaram os países mais atrasados, e mantiveram desprotegidas as massas pobres e miseráveis.

Os analistas mais críticos responsabilizam o fenômeno natural por ter desorganizado as economias e a vida social. Reconhecem que a “crise sanitária arruinou o sistema de saúde, destruiu economias mais frágeis e privou milhões de crianças e jovens pobres de acesso à educação, comprometendo o futuro de uma geração em grau ainda por ser devidamente mensurado”. Dizem também que “a Pandemia criou formas de desigualdade econômico-social e aprofundou outras já existentes, não só em cada um dos países afetados, o Brasil entre eles, mas em nível global”.  E admitem que “a profunda desigualdade de acesso às vacinas entre países ricos e pobres já seria reprovável do ponto de vista moral”. E concluem que é preciso admitir a existência do desequilíbrio entre a natureza e o homem. Não há um pingo de honestidade nesse tipo de admissão da culpa, uma vez que oculta a raiz da catástrofe, e, portanto, as causas primárias. O desequilíbrio não ocorre entre a natureza e o homem em abstrato. Ambos estão determinados pelas relações capitalistas de produção da época imperialista. Ambos padecem da anarquia da produção social. O alto desenvolvimento do capitalismo, concentrado nas potências, e seu atraso disseminado no restante dos países, indicam por que a burguesia se mostrou incapaz de aplicar amplamente a avançada ciência controlada pelos monopólios. Indica por que se agravaram as desigualdades econômicas e sociais. Está claro que o domínio monopolista da economia mundial é responsável, tanto pelos efeitos econômicos provocados pela Pandemia, quanto pela montanha de mortos. Os governos e as organizações internacionais, como a ONU, OMS, etc. tiveram de seguir, em última instância, as determinações dos monopólios.

O Brasil foi um dos países mais afetados pelo número de mortos, ultrapassando os 600 mil. Segundo cálculos, contribuiu com 12%, dos mais de 5 milhões de óbitos mundiais, apesar de representar tão somente 2,7% da população mundial. O país enfrentou uma profunda crise política, em torno à adoção das vacinas. No fundo do “negacionismo” de Bolsonaro, estiveram a guerra comercial e a corrupção. Os conflitos se estabilizaram, somente após a Pfizer se impor diante dos governantes, barrando o avanço da vacina chinesa, Coronavac. Com cerca de 58% da população totalmente vacinada, decresceram sensivelmente as contaminações e as mortes.

Em todo o mundo, as massas tiveram de suportar a letalidade do Coronavírus, os interesses do poder econômico e a guerra comercial. Em particular, no entanto, os explorados dos países semicoloniais foram os que mais duramente arcaram com o avanço da barbárie capitalista. Avanço que refletiu a combinação da crise sanitária com a crise econômica. As demissões em grande escala e a queda do poder aquisitivo dos explorados levaram ao aumento da miséria e fome no mundo. Os capitalistas se protegeram, fechando fábricas, comércios e serviços. Aproveitaram para demitir, rebaixar os salários e destruir direitos trabalhistas. No auge da Pandemia, 255 milhões de postos de trabalho, em 2020, foram eliminados, segundo a OIT. Estima-se que a destruição de forças produtivas foi muito superior à que ocorreu na crise mundial de 2009. É preciso ainda acentuar o fato de que os governos dos Estados imperialistas destinaram trilhões de dólares, para escorar suas economias e favorecer os monopólios.

O impulso da barbárie social e a incapacidade da burguesia de proteger minimamente os mais pobres, miseráveis e famintos, sobre os quais recaíram as duas consequências da Pandemia, evidenciaram, por outro lado, a gravidade da crise de direção mundial do proletariado. As direções sindicais e políticas agiram no sentido de bloquear as tendências de luta que vinham desenvolvendo-se antes da Pandemia, e de submeter as massas a políticas que correspondiam à proteção e ao interesse dos capitalistas. Negaram-se a levantar um programa próprio de defesa dos explorados, e a organizar o movimento das massas. Acabaram ocultando e capitulando, diante da imposição dos monopólios farmacêuticos e da guerra comercial. Sem os partidos revolucionários e sem a sua Internacional, a classe operária mundial não pôde erguer-se, em defesa do programa de expropriação da grande propriedade privada, estatização e controle operário da produção. Somente com o programa e a estratégia da revolução proletária, seria e é possível reagir com a organização independente e métodos próprios da ação direta. É necessário entender que os explorados suportaram o maior peso da crise sanitária e econômica, devido à crise de direção.

É parte, portanto, da tragédia social, a tragédia política. Distintamente seria, se os explorados, sob a direção da classe operária, tivessem combatido com suas forças por um programa próprio. Sem dúvida, teriam passado pelo flagelo, mas sairiam organizados e fortalecidos politicamente, para dar continuidade ao combate.

A vanguarda com consciência de classe tem o dever de fazer um balanço rigoroso sobre a conduta das direções sindicais e políticas, neste momento em que o capitalismo em decomposição evidenciou suas contradições históricas, e pôs à luz do dia a necessidade das revoluções proletárias.