• 13 mar 2020

    Centrais sindicais desmontam o dia 18 de março

Centrais sindicais desmontam o dia 18 de março

13 de março de 2020

O Instituto Marielle Franco cancelou a manifestação de 14 de março. A CUT adiantou a decisão da reunião das centrais, marcada para o dia 16, suspendendo as manifestações coletivas de 18 de março, “Dia Nacional de Luta”. A CNTE cancelou as manifestações, que coincidiam com o dia 18.  A Apeoesp, por sua vez, suspendeu a assembleia convocada para esse mesmo dia. A CSP-Conlutas anunciou que as centrais avaliariam a realização de atos públicos, evitando dizer se estava contra ou a favor.

No dia 12 de março, as centrais emitiram um comunicado com o seguinte teor: “Propomos um amplo diálogo com a sociedade e com o Congresso Nacional para definir as medidas necessárias para conter a crise do coronavírus e a crise econômica”. Assim, prenunciou o desmonte do “Dia Nacional de Luta”. No dia 13, a Executiva Nacional da CUT colocou-se por: “Não realizar atos públicos com conglomeração de pessoas…”.

As direções burocráticas atenderam às pressões da burguesia e do governo. Bolsonaro e seus asseclas cancelaram a manifestação do dia 15, em nome da segurança da população e do patriotismo. Era esperado, portanto, que as centrais sindicais, pressionadas pelo PT, PCdoB e PSOL, seguissem a orientação de evitar a polarização política. A ideia é de que é preciso ter unidade nacional para enfrentar a pandemia. As centrais se esconderam por trás da suposta defesa da saúde pública.

O cancelamento das manifestações públicas do “Dia Nacional de Luta” é uma clara capitulação diante das pressões da burguesia brasileira e do imperialismo. Essa conduta política é própria das direções que praticam a conciliação de classes.

A única forma dos explorados se defenderem da pandemia é ganhando as ruas e paralisando o País. Se dependerem de Bolsonaro e do Congresso Nacional para conter o surto do coronavírus, estão perdidos. Temos a experiência das milhares de mortes causadas pela dengue (de maior mortalidade), sarampo (mais contagioso), etc. As vítimas têm sido os pobres e miseráveis. A resposta de Bolsonaro e do Congresso Nacional foi a de cortar gastos com a saúde pública. A exigência de que o Estado e o governo se responsabilizem pela população desprotegida cai no precipício da hipocrisia, se as centrais, sindicatos e movimentos não organizam grandes manifestações por todo o País.

As manifestações do “Dia Nacional de Luta” estavam amparadas nas greves da educação e as projetariam. Era, portanto, imprescindível que fossem mantidas, incorporando a reivindicação de proteção da população pelo Estado burguês. É justamente nesse momento que emerge a bandeira de expropriação do sistema privado de saúde, e constituição de um sistema único estatal, controlado pelos trabalhadores. Nem mesmo a CSP-Conlutas, que inscreve em sua bandeira o classismo e a independência política diante da burguesia, suportou a pressão política, e se mostrou incapaz de se opor terminantemente à posição capituladora do comunicado da reunião extraordinária das centrais sindicais de 12 de março.

Não ao desmonte das manifestações do dia 18 de março!

Somente a classe operária e demais explorados mobilizados poderão se defender das consequências da crise econômica e da pandemia.